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O elefante que conhecia tudo

Seu nome próprio era elefante embora os amigos se dirigissem a ele como ele. Vivia em África e nunca tinha vindo ao Alentejo. Podia até já ter vindo mas não era o caso.

A família era numerosa. Havia elefantes grande e havia elefantes pequenos. Havia primos e tios e afilhados e coisa que tal.

Elefante tinha uma vida cheia. Já tinha vivido muito e nunca se esquecia de nada. Daí terá surgido uma famosa expressão de memória de elefante. Era mesmo assim este ele.

Nem doente, nos seus últimos dias, se esquecia de nada.

A galinha dos ovos de chocolate

Numa ilha tropical vivia uma galinha. Morava no interior da ilha e era uma galinha sabida e curiosa, ao contrário das outras galinhas que não eram assim muito interessadas por questões astrofísicas. A galinha Gá Gá era muito diferente de todas elas. As outras galinhas levavam uma vida normal de galinha, como se espera... bicavam milho e sementes, comiam coisas frias e quentes, bebiam água da ribeira e do bebedouro e punham ovos.

Cintura de vespa

Émilie Marie Bouchaud, mais conhecida por Polaire, num outro mundo que não é o nosso, era atriz e de muito sucesso. Viveu há muitos anos numa cidade francesa e tinha uma particularidade que fazia dela não só uma atriz muito famosa, mas também uma figura única. Polaire era uma vespa. Tinha, por isso mesmo, uma delicada e definida cintura de vespa.

O sapo encantado

Num reino muito distante, onde as árvores não falavam, onde os habitantes vestiam roupas de encantar, onde todos falavam a cantar, havia um habitante especial. Tão especial que merece uma fábula nossa. Chamava-se Teodoro e era um sapo. Vivia, num mundo em que os sapos eram simples plebeus e gente de baixa e má rês. Teodoro tinha um sentido de justiça muito especial. Fugia do padrão do resto dos sapos e das rãs, mas mesmo assim conseguia entrar nos nervos de algumas espécies com capacidades mágicas.

Única

Esta semana fala-se de um ser único. Era tão singular que só tinha uma célula. Era unicelular e, por isso mesmo, muito pouco interessante. Muito pouco não. Nada interessante. Chamava-se Ameba e não se passava nada com ela. Não pensava, não andava, não cantava. Falar, também não falava. Que eu saiba, nunca fez um telefonema aos amigos, nem menos se dignou a mandar prendas a nenhum deles. Também não tinha braços ou pernas para o fazer. Gostava que a ameba, esse ser único pudesse ter muito mais para contar e poder dar-vos maravilhas sobre a sua existência.

Don Ki

Sozinho. Era um ser que estava sempre sozinho. Numa vida como a sua, a companhia era algo raro e quando acontecia, não era nada de positivo que a acompanhava. Chamava-se Ki e toda a gente o tratava por Don Ki. Talvez por ter nascido e por viver na Coreia, mas era uma forma de respeito. Pelo menos assim pensava.

Don Ki nascera numa província longínqua do pais, muito longe do paralelo 39. Nunca tinha ido a Seoul nem sabia que lá tinham tido lugar jogos olímpicos há muitos anos. Já teria nascido nessa altura mas não tinha televisão.

Madam Patchouli

Quando se é uma lady, é-se uma lady em todos os sentidos da palavra. Nada dessas músicas que se cantam por aí de uma lady na mesa e outra coisa noutros sítios.

A moça que se ria e ria e ria...

Que melhor forma de começar o fim-de-semana se não com uma fábula sobre uma moça que se ria e ria e ria? Muitas histórias são trágicas, mostram aspetos da vida dos animais e das pessoas que nos fazem pensar.

Esta não, esta é uma história sobre uma moça simples cuja principal característica era a sua capacidade de se rir desde que nascera.

Na localidade onde nasceu e residiu toda a sua vida, não tinha nada. Nem televisão, nem internet... os seus dias eram o mais entediante e tedioso possíveis. Nada na sua vida pasmaceira era digno de registo.

Malagueta

Numa terra muito distante, onde era de noite quando aqui é de dia, havia uma ilha, perto de outra ilha ainda maior. Lá, onde a água roda ao contrário do que cá deste lado, morava um ser execrável.

Lagartixa de pés frios

Num mundo paralelo ao nosso, viviam seres imaginários e seres sem imaginação. Nesse mundo, paralelo mas não distante, vivia uma lagartixa roxa com bolinhas amarelas. Era um animal muito requintado. Não havia naquele mundo nenhuma igual a ela.

Nesse mundo, os animais que eram imaginários tinham nomes. Os outros não tinham nada. Lagartixa não tinha nada. Tinha nascido sem poder escolher o que era. Se soubesse, teria preferido nascer um ser imaginário e poderia ser quem quisesse.

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