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Ilusão

Já não bate. Já está perdido e arrastado. Sujo e derramado. Fragmentado e sem vida. 

Eram dois. Na verdade, podiam ser muitos dois. Dois segundos. Duas almas. Duas casas, mas apenas uns olhos que carecem de esperança tentam lutar.
Já foi. Já existiu. Preto manchado de ilusão vermelha, que não consegue exprimir. 

Ilumina-me

deixem-me vê-lo também. que ele penetre cada parte do meu corpo cansado e que faça sair o suspiro que está perdido entre pensamentos; apesar de haver dois que pintam o meu pulso esquerdo. não aquecem. não me comove. não me chega onde é suposto chegar.

sinto-me tão fria quanto uma noite de janeiro onde a geada faz desenhos no ar. não me consigo iluminar, os meus olhos não o sentem e estão perfeitamente abertos. não consigo abraçá-lo. não consigo toca-lo nem sentir.

que caos. 

À hora marcada

Como se estivesse a espenicar. Como quando queremos chamar alguém para a realidade.

Como se estivesse a berrar lá dentro. Treme tanto. Agita e nem sequer movo um pé.

Como se estivesse a querer sair e se encontrasse perdido sem encontrar uma das saídas.

Menos um; ou será apenas mais um?

O calendário deixou de fazer sentido e guio-me pelos desejos que pedi à lua. Pelos meus desabafos, pelos meus suspiros tão profundos quanto o mar. É assustador.

Amar e desamar amor

Querida Anjinha, Hoje não fui valente. Hoje caí, despi-me e enrolei-me na solidão. Prendi-me à angústia e deixei cair partes de aflição que não recordava que pertenciam ao meu corpo. Ainda nua, tomba a tristeza e permanece um coração quente. Com toda a minha falta de energia, colo-me à minha sombra e começamos numa dança sinfónica profunda onde o castanho dos meus olhos formam um círculo à volta dos mesmos, onde a beleza nunca pertencera e deixo-me estar. Apesar do evidente cansaço de ser sempre a mesma melodia, envolvo o meu peito ao que nunca saiu do mesmo.

E um bom filho, a casa torna

Com o auxílio de um pincel, ao som de algo sereno criando uma antítese com os batimentos acelerados que saltam do meu peito, misturo cores numa tela; criando uma sensação de refúgio que me permite sonhar acordada.

Fecho os olhos. Segundos, transformam-se em minutos, e volto a abrir, a combinação produzida pelo meu subconsciente, faz-me suspirar: verde, castanho e um azul na borda.

Os cantos da minha boca inclinam-se sem querer e solto outro suspiro involuntário.

Memórias acordadas, mas vividas.

Será

Um castanho acolhedor tocou na minha alma. Dei um passo e encontrei uns olhos a salvarem-na. Dois passos e há uma calma realçada pelos mesmos. Três, um abraço profundo sem toque.

Quatro e há um fogo caloroso que protege o meu coração.

Um sonho, uma vida e um futuro. Um sonho adolescente, uma vida afável e um futuro delicado.

Sentir

Outrora quebrada, ela respira esperança com o auxílio da simplicidade. Outrora em peças espalhadas, há um abraço que a traz de volta a casa. Há beleza que cobre um corpo. Há vida por detrás de um sorriso. 

Um lar. Dois corpos. Almas separadas. Corações cruzados. Felicidade.

A duração da música foi cortada e nela, no presente, reina um silêncio aconchegante.

Dois fantasmas aparecem a lutar. A lutar por não conseguirem tirar as mãos um do outro. Os vestígios que imploramos para não desaparecerem.

Sabias de cor

Vem-me buscar. Estou onde sempre estive, sem pressas. Está na (tua) hora e o meu relógio bate constantemente nos ponteiros que exigem paz num mundo nosso.
Atrás da minha respiração, está a nossa canção a reproduzir-se sistematicamente e a minha mente implora, sussurrando sobre o dia que partiste e deixaste-me sem fôlego. Quero voltar a
casa. Suplico por conforto.

Novo Mundo

Com forma de anjo, a transmitir o branco mais pacífico que já passara pelos meus olhos, com o branco mais fascinante que não me pertencia, agarro-o e desejo nunca mais largar. Há uma calma a nascer ao meu redor e respiro-a. Uma serenidade que me une à felicidade. Um pôr do sol acompanhado de uma respiração sossegada.

O meu corpo rejeita a dor e um sorriso cresce perante uma melodia inconstante que sai diretamente do meu coração, para um mundo novo. Uma alma abundante de harmonia, prende-se na minha como uma âncora persistente. Faço figas.

Ela

Alguém que a acorde. Alguém que a traga de volta. Alguém. Só (é) preciso alguém.

Sem vida, mas intacta, caracterizada pela energia contagiante, aqui está ela, presente tudo e todos. A luta está constantemente presente no seu quotidiano. Hoje, a luta entre pedir auxílio ou se deixar levar pelas rajadas fortes de ventos que faz tremer corpos. A sua cabeça atinge o auge de força e, de tão pesada que se encontra, cai já como se fizesse parte do plano.

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