29 Junho 2024      12:13

Está aqui

António Costa, Presidente do Conselho Europeu? Parece-me bem

Confesso-me um forte antipatizante do político António Costa. Não é surpresa nenhuma esta minha afirmação. No entanto, reconheço que a escolha de António Costa para Presidente do Conselho Europeu é a mais adequada.

Esta minha antipatia nada tem a ver por pertencer ao Partido Socialista (isso para mim não importa mesmo nada), mas sim pelo perfil político de António Costa. Sempre considerei António Costa «um habilidoso», alguém que é demasiado hábil na palavra e pouco capaz na concretização de reformas estruturantes. É um político para o curto prazo, mas não é capaz de tomar decisões estruturantes, que moldem o futuro.

Vou tentar explicar de forma pragmática esta minha análise. Em primeiro lugar, no que respeita aos lugares para os órgãos da União Europeia, sabemos que os mesmos são negociados entre as diferentes forças políticas. E também sabemos que (dentro dessas negociações) para a Presidência do Conselho Europeu, o lugar teria que ser preenchido por um socialista. É aqui que entra o nome de António Costa.

De todas as propostas de personalidades socialistas europeias que estavam em cima da mesa, tenho plena convicção que António Costa era quem estava melhor posicionado na corrida ao cargo. E digo com toda a clareza, não é por ser português, mas sim pelo perfil e curriculum de António Costa.

Apesar de não ter gostado do desempenho de António Costa enquanto primeiro-ministro, não tenho quaisquer dúvidas que apresenta uma forte experiência autárquica, parlamentar e governamental. António Costa é um político «de carreira» e para o cargo de Presidente do Conselho Europeu faz todo o sentido alguém com forte experiência política. Há casos em que o «carreirismo» político até faz sentido, e este é um deles!

Também não é menos relevante o conhecimento de António Costa sobre os dossiers de política externa e europeia. Naturalmente testemunhou-os através do pleno exercício das suas funções enquanto Primeiro-Ministro. E este é um fator de decisão muito importante!

Por último, e não menos importante, António Costa é um negociador. Nesta área em concreto, António Costa tem provas mais do que dadas. Quando pensamos em Costa, reconhecemos-lhe a capacidade de criar «geringonças». Fê-lo na Câmara Municipal de Lisboa. Fê-lo no Governo da República. E vai fazê-lo na União Europeia. Neste cargo em concreto, não necessitamos de fazedores, mas sim de negociadores.

Numa União Europeia cada vez mais complexa e com falta de lideranças, vai necessitar de muitos consensos. Acredito que António Costa, pelo perfil que apresenta, poderá ser alguém com um papel importante nesta nova fase da vida da União Europeia.

Desejo que tenha boa sorte.