4 Novembro 2023      19:02

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Papel de parede

Se antes o papel de parede cobria tantas casa por esse mundo fora, dava cor e flores, presença e um toque de requinte a qualquer quarta ou sala, de classe média ou de classe nobre. Nem todas as casas tinham papel de parede, nem todas elas recebiam o colorido desse papel. Confesso que me parecem mais típicas de países do Norte.

Hoje, o papel de parede ultrapassou as portas e janelas das casas e instalou-se nessa invenção que são os telefones portáteis, inteligentes, que fazem o trabalho quase todo por nós, que nos avisam de tudo o que se passa no mundo e na nossa vida. São os telefones que nos ocupam os dias, quase tanto ou mais do que o trabalho e a família.

Inventamos, também, porque era muito monótono ter estes telefones sem nada que nos transmitisse de memórias, de emoções, papéis de parede para os telefones. E nele colocamos de tudo. Desde fotos de quem amamos, fotos de animais de estimação, paisagens, mensagens, férias que tivemos, símbolos que adoramos. Os papéis de parede servem para nos recordar de quem somos e aquilo que no dia a dia se passa na nossa vida.

Cada pessoa tem um papel de parede à sua imagem, à sua semelhança. Alguns são iguais porque as pessoas são parecidas e partilham as mesmas ideias.

Nestes dias, tenho em papel de parede que muda de hora a hora, revelando pedaços de memórias de viagens e de sítios que estão e que viajam connosco também para onde quer que vamos.

Nestes dias, a cada hora, o papel de parede muda, porque nesta vida nada é estático, nada é permanente. A cada hora, revejo memórias que fazem parte de mim e da minha vida. Os papéis são como se fossem um espelho, um televisor que muda e se renova.

Quase todos eles, como dizia, têm um significado especial, uma novidade. Talvez nunca tivesse pensado nisso, mas o que nos leva a escolher este específico papel de parede que temos nos nossos telefones e quantas vezes os alteramos.

Hoje temos um papel de parede, amanhã será outro. Hoje a nossa vida é um ribeiro calmo, amanhã pode ser uma cidade poluída e desorganizada. No dia seguinte, um mar de tormentas e logo a seguir uma pacífica fonte de água pura.

Tudo são memórias, papéis de parede que temos, em estático ou em movimento, que já fazem parte de nós.