8 Julho 2023      10:58

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A lenda da «Serpente do Rio Anas»

Reza a lenda da «Serpente do Rio Anas» da existência de uma enorme serpente voadora, que socorria Serpa sempre que determinada alma humana a ameaçasse de alguma forma.

A serpente vivia nas rochas do rio Anas (Ana era o termo ibérico para a palavra rio, que mais tarde originou a palavra Guadiana com ajuda do árabe). Segundo a lenda popular havia referências ao fogo que a serpente enviava das ventas para fora, dizimando qualquer pessoa que ousasse malfazer a natureza áspera e seca da região.

A lenda da serpínia alada veio a dar ao nome a Serpa, protetora desta bonita localidade do baixo Alentejo.

Infelizmente, parece que a «Serpente do Rio Anas», ou melhor, a Serpente alada do Rio Guadiana, já não consegue proteger a população de Serpa.

Como é sabido por todos um homem morreu recentemente à porta das urgências do hospital de Serpa que se encontravam encerradas. Morreu uma pessoa possivelmente por falta de resposta do SNS ou do setor da saúde. Deveria haver proteção e a garantia de reposta atempada a todos os cidadãos por parte do Estado. Essa proteção falhou novamente!

Evidentemente que a proteção da serpínia alada deve ser vista em sentido figurado. Esta analogia leva-nos à falta de proteção das nossas gentes, principalmente dos nossos idosos. Não é admissível encontrar urgências encerradas. No entanto, infelizmente vamos encontrando em todo o Alentejo falta de respostas por falta do SNS (Serviço Nacional de Saúde).

Não é admissível a falta de médicos e outros profissionais de saúde nas regiões mais frágeis, como é o caso de Alentejo. Serpa é apenas uma pequena parte de um problema gigantesco! São múltiplas as localidades da região Alentejo em que se deixou de ter médico de família.

São várias as especialidades que não existem ou estão fortemente carenciadas em toda a região Alentejo.

São moções e mais moções apresentadas em diferentes órgãos autárquicos da região a apelar por melhorias no SNS nos diferentes concelhos alentejanos, mas sem quaisquer respostas e soluções apresentadas pelo Governo.

Depois vêm as desculpas e mais desculpas esfarrapadas. Na prática, há que responder às verdadeiras necessidades de um maior número de recursos humanos para assegurar a prestação de cuidados médicos aos utentes. É essa a garantia que se espera!

A questão central nada tem a ver com a integração do hospital São Paulo no Serviço Nacional de Saúde ou o cumprimento do contrato com a Santa Casa da Misericórdia. O mesmo se passa com outras situações idênticas em todo o País. A questão central passa por garantir às populações um direito constitucionalmente consagrado, que é o direito à saúde.

A proteção da serpínia até pode ser importante, mas a melhor proteção que pode ser dada às nossas gentes passa pela garantia de um bom funcionamento do Serviço Nacional de Saúde. É isso que há muito aguardamos.