7 Agosto 2020      08:45

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Arqueologia do Tempo

 

Desenterra-se o tempo
escondido debaixo da terra
porque na superfície estamos exaustos.

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Nunca vi quem tanta esperança
depositasse no passado:
tu, eu, nós e eles; todos,
os que se perderam sem nunca
se terem encontrado.

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A arqueologia de nós próprios
é uma viagem até ao fundo
do que suspeitamos ser.

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Sabemos quem fomos? Na verdade,
há muito que se contam histórias
sobre as planícies revestidas
por este manto sagrado.

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Quando uma estrutura do Neolítico
brota numa era contemporânea
há uma ligação histórica comovente;
pensar que durante séculos
as nossas pegadas ali ficaram.

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Somos várias camadas;
vivemos no tempo que decorre
e tudo o que estiver para além do agora
será a futura descoberta de quem fomos.

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Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático.Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta.