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Poesia

“O Silêncio dos Dias” é o novo livro de poesia de José Louro

“O Silêncio dos Dias” é a obra de poesia mais recente do escritor português José Manuel Monteiro Louro, de raízes alentejanas.

Segundo o autor, a obra foi apresentada no passado dia 11 de novembro em Almada, no Centro Cultural Fernão Mendes Pinto, e no dia 18 de novembro no Porto, no Clube dos Fenianos Portuenses.

“No ‘Silêncio dos Dias’, o seu autor dirige-se ao leitor tal como é, ou seja, um homem de palavras simples, sem rebuscar, de ideias claras e que escreve como fala e como tal pontua os seus poemas”, indica a mesma fonte.

António Zambujo junta música e vinhos no Alentejo

Os nomes dos discos de António Zambujo vão agora poder ser encontrados nas garrafas de vinho da marca que o cantor bejense acaba de lançar.

De acordo com o Diário do Alentejo, António Zambujo juntou-se ao enólogo Luís Leão e ao amigo João Pedro Freixial e, juntos, abriram uma casa de vinhos com marca própria, que, segundo o cantor, é “um projeto de paixões comuns” entre amigos.

Ponte de Sor promove Prémio Literário José Luís Peixoto

A Câmara Municipal de Ponte de Sor anunciou que vai promover, este ano, a 16.ª edição do Prémio Literário José Luís Peixoto, destinado a distinguir trabalhos inéditos na modalidade de poesia.

Em comunicado, citado pela agência Lusa, o município explica que o prazo para a entrega dos trabalhos termina no dia 31 de maio.

Note-se que o Prémio Literário José Luís Peixoto foi criado em 2007 e tem como diretiva, em anos pares, premiar trabalhos inéditos na modalidade de poesia e, em anos ímpares, trabalhos de conto.

Faísca

E então, eis que a chama nasce

 

O Homem domestica o fogo da palavra

A luz da abstração abre todo um universo de possibilidades

Os cantos da mente iluminam-se e olham para si mesmos

Quando o fazem, ganham cor

Moldam-se á forma dando-lhe forma

 

E então, eis que a chama nasce

O olhar é criado e cria quando passa e nada mais faz

Passa e passa sem deixar de passar

Passa atormentado

Passa curioso

Passa aprendiz

Passa inventivo

Passa preso

Passa numa luta fugaz de se libertar

O miradouro da recompensa

Ao subir o pequeno monte que a planície erguia,

fitava a linha que separava o céu do chão.

 

As minhas pernas, cansadas,

espelhavam a incerteza

sobre a recompensa

no final da imponente subida.

Quanto maior a inclinação do monte

mais os pés sentiam,

mais o coração sonhava.

 

Que prémio me esperava?

Sentia a confiança

de um ciclista de montanha

e trazia a certeza

de que um terreno no Alentejo

nunca poderia ser tão inclinado

como uma montanha

nos Alpes franceses.

Como escrever um poema

todas as palavras pecam pelo seu curto significado

o poeta é o pintor de um quadro sem cores

e escreve na esperança de criar a imagem

que suprime mais do que mil palavras

 

o singular do visual tem mais valor do que o plural do abstracto

o suficiente é falar pouco

o instante é mais valioso

é conveniente abrandar o pensamento

 

o poeta não pode deixar que a imagem seja mais forte do que a palavra

é o seu ganha pão

mesmo que as evidências sejam claras

é fundamental defender o próprio ofício

 

Vezes sem conta

Somadas,

todas as poucas vezes que vou à Terra

nunca serão muitas vezes;

no futuro direi que foram

insuficientes,

ou então tentarei agradar a mim próprio

e no pensamento que me convier

assumirei que a quantidade foi fraca;

mas, ainda assim, tudo me valeu a pena

pela qualidade das poucas vezes.

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Castro Verde celebra Cante Alentejano com concurso de poesia

A Câmara Municipal de Castro Verde está a promover a primeira edição do Concurso de Poesia “Cante Nosso”, no âmbito do VII Aniversário da classificação do Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Dieta alentejana

Ao pequeno-almoço como uma popia

ao lanche uma arrufada

antes de chegar o fim do dia

só tenho ganas para uma torrada.

 

Aconselhado pelo senhor doutor

sigo a dieta com muita cautela

não vá a consciência me impor

mais uma sopa de beldroegas.

 

Querem que evite o pão,

o vinho, a batata e o queijo;

quem me tira tanta emoção

tira-me o sabor do Alentejo.

 

Mas o sabor é só um sentido

os restantes continuo a apurar

felizmente tenho conseguido

Ode ao Alentejo

Pela planície, pelas espigas, pelo céu que estende,

Pelos campos, pela luz, pelas casas de branca cal,

Pelo calor, pelos montes, pela sorte que depende,

Do barro que molda o pão, do cante patrimonial!

 

Pelas horas, pelo dia, pelos caminhos da história,

Pela monda, pelas ceifeiras, pelo sol que se levanta,

Pelos melros, pela perdiz, pelas asas da glória,

Quem eleva suas dores de orgulho se encanta!

 

— Ó paz; és silêncio na hora da calma,

És a voz altiva do chaparro cantante,

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