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literatura

Último Segundo

Estamos os dois sentados com as pernas estendidas. O sol, envergonhado, lança pequenos raios de cores quentes avisando que se vai despedir em breve. Tal como nós.

Acredito que ambos nos decidimos ficar pelo silêncio confortável por não saber passar para palavras o que estamos a sentir neste momento, nesta situação. Os nossos pensamentos queimam num volume estridente. Entre as nossas respirações tristes e irregulares, estico a minha mão até esta entrelaçar num amor profundo com o dono de um amor impossível.

Mil e um dias

O dia começou com uma diferença horária de cinco horas. Mal tinha fechado os olhos, acordei com a voz do capitão a pedir-me que apertasse o cinto. Estava a chegar ao meu destino.

Viajar é uma das muitas maravilhas do mundo que, em alturas de pandemia, se pode tornar num magnífico pesadelo. As viagens, os sonhos, as diferenças de altitude e os sinais que em nós se evidenciam…

“Causa Própria” - a marca alentejana na série do momento

“Causa Própria” é a produção nacional que promete rivalizar com produções estrangeiras do género.

Aposta da RTP, a série estreou a 5 de janeiro e logo colocou em alvoroço as redes sociais. Num misto de ficção e realidade, e com realização de João Nuno Pinto, a série de sete episódios foi produzida pela Arquipélago Filmes para a RTP e conta Margarida Vila-Nova e Nuno Lopes nos papéis principais e com um elenco composto por Ivo Canelas, Maria Rueff, Catarina Wallenstein, Adriano Carvalho e António Fonseca, entre um leque de jovens talentos como Afonso Laginha e Sílvia Chiola.

Teria sido uma vez…

Teria sido uma vez, teria acontecido assim, ter-se-ia passado desta maneira. Não era uma vez porque poderá ou não ter sucedido exatamente como se conta.

O que será, que será (...) que juram os profetas embriagados (… ) que não faz sentido

É difícil escrever, nestes tempos, sobre temas que nos dizem respeito e que não são triviais, nem muito íntimos. Porém, há algo que me intriga porque ainda não o compreendo. E quando, depois de ler e reler, acho que entendi um pouco, percebo que seria capaz de repetir os conceitos, mas não o significado. Tudo começa com uma frase, que chamou a minha atenção e a minha imaginação:

O fim e o início

Hoje é o dia a seguir ao de ontem e aquele antes de amanhã. Hoje é também o primeiro dia do ano. O dia em que escrevo estas palavras é o dia de ontem, o último dia do ano.

Decidi chamar a esta crónica o fim e o início. Fim porque termina um ano, cheio, repleto de acontecimentos. Uns terão sido bons, outros menos bons, muitos maus e até, diria, partilhando a experiência de muitos, péssimos. Foram momentos e acontecimentos que ficam registados na memória dos tempos, nos registos dos homens e nas coisas que se gravam em fotografias, em vídeos e em qualquer outro modo de recordar.

Como escrever um poema

todas as palavras pecam pelo seu curto significado

o poeta é o pintor de um quadro sem cores

e escreve na esperança de criar a imagem

que suprime mais do que mil palavras

 

o singular do visual tem mais valor do que o plural do abstracto

o suficiente é falar pouco

o instante é mais valioso

é conveniente abrandar o pensamento

 

o poeta não pode deixar que a imagem seja mais forte do que a palavra

é o seu ganha pão

mesmo que as evidências sejam claras

é fundamental defender o próprio ofício

 

Adormecer enquanto a neve cai…

Hoje é o dia em que me sinto a adormecer enquanto a neve cai lá fora. A sensação de ter um teto e uma casa aquecida ultrapassa as barreiras de qualquer fronteira ou limite.

Adormecer enquanto a neve cai la fora transforma a visão do mundo… primeiro porque estamos a adormecer e a nossa consciência necessariamente desaparecerá, pelo que nem a neve nem nada do resto fará sentido perante a nossa perda de consciência.

Professora Helena Carvalhão Buescu ganha Prémio Vergílio Ferreira 2022

A professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Helena Carvalhão Buescu conquistou o Prémio Vergílio Ferreira 2022, atribuído pela Universidade de Évora (UÉ).

Em comunicado enviado à agência Lusa, a UÉ anunciou que o júri decidiu atribuir a distinção a esta professora catedrática, que leciona Literatura Comparada e é considerada a “autoridade incontestável dos estudos comparatistas”.

Um espelho rasgado

Encostada ao azulejo preto, deixo o meu corpo deslizar, sentido cada gota de água a escaldar a perfurar o meu corpo que ansia paz.

Desiludida por desiludir, cansada e deprimida, encaixo a minha cabeça no meio das minhas pernas, o meu corpo de vez em quando descontrola-se com a minha respiração inconstante, mas a água relaxa-me.

Penso no branco das nuvens e questiono-me sobre a sua textura. O meu cabelo, colado até meio das costas, abraça-me e sinto os meus olhos pequenos.

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