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Opinião

O MUNDO PEDE-NOS CALMA

Faz uns tempos lembro-me de ter lido uma lenda dos Cherokee chamada “O conto dos dois lobos”. Não há dia em que eu não descubra lendas dentro do mesmo género e confesso ser uma fã das histórias dos nativo-americanos. A mestria com que nos arrebatam é proporcional á simplicidade das palavras utilizadas para nos dizer algo geralmente bastante profundo. Aquele género de profundo para que nós, pessoas do mundo novo (novo, não melhor), deixámos de ter tempo.- Eu faço questão de fazer esse tempo.

EÇA VISTO PELO INVISÍVEL

Eça de Queirós é, na ótica desse dito escritorzinho com nome de besta, que anda por aí a vaguear nas terras alentejanas, às quais quer à força pertencer, ainda que ocupe um livro a repeli-las, um escritor  “cínico e falso”, palavras do próprio.

Pergunto-me eu, Raposo, onde andaste tu, quando nas minhas aulas do liceu, ou entre um café cujo sabor se imiscuía com as sombras do tabaco no ar, se falava em Literatura? Sim, meu caro, de Literatura! Essa coisa nefasta e repulsiva que anda por aí à espreita das brechas da sociedade para se aproveitar delas… Sacana da Literatura!

SENTA-TE, NÃO SAÍMOS NA PRÓXIMA

O acordeão como guia, corro, como sempre, fugindo do tempo, distribuindo encontrões e desculpas escusadas. Chego, ainda ofegante, até ao cais sobrelotado de almas torturadas pela dor, pela solidão, aparentemente indolentes. Ouço alguém chorar. Desprendem-se gargalhadas e planam até mim. Procuro-as vagamente e dou por mim a observar-te.
Chega o metro, entramos, sigo-te calada, mas, olhando-te descaradamente, impregnando-me da tua imagem, absorvo a tua essência e assimilo a tristeza que pressinto submergir-te. Ignoras-me.

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Cinquenta e duas semanas, cinquenta e dois textos escritos nas linhas de uma folha em branco. Uma vez a descoberta do Myanmar, um país, os caminhos entre lagos e montanhas, entre grutas e templos. Outra vez, os dias a nascer no cimo do monte Ramelau, de onde se vê a passagem de multidões desconhecidas, todas as pessoas na sua singularidade e a tentativa de as desenhar em letras, onde houve sempre algo que nasceu nas curtas frases.

AS “BOFETADAS” DESTE GOVERNO

Esta semana ficou marcada pela demissão do Ministro da Cultura, João Soares, depois de ter escrito na sua página no Facebook que esperava “ter a sorte” de poder dar “bofetadas” ao crítico Augusto M. Seabra, estendendo essa vontade de aplicar “salutares bofetadas” também ao comentador Vasco Pulido Valente. 

A VEZ DO ZÉ POVINHO

Quem se informa sobre a vida das celebridades, dos políticos e dos homens e mulheres mais endinheirados apenas pelos tabloides ou pelo jornalismo empresarial tem a impressão de que riqueza e poder são características inatas. Este tipo de imprensa cumpre papel semelhante ao dos contos de fada, revestindo com auras de retidão e de virtude as personalidades de indivíduos pertencentes às classes mais altas.

A IMPORTÂNCIA DAS TRADIÇÕES

É frequente ouvir “A tradição ainda é o que era…”, mas será que temos noção da real dimensão destas palavras? Será que escutamos e entendemos realmente o peso que a tradição nos impõem?

É sobre o regresso as tradições que lhes quero esta semana falar, e em particular de tradições que a custo sobrevivem a higienização dos costumes, imposta por quem não sabe, não quer saber, ou por e simplesmente apela para uma “superioridade” intelectual, que raras vezes encontra suporte no dia-a-dia de quem dela se socorre.

HOJE APETECE-ME BRINCAR...

Hoje apetece-me brincar… afinal de contas, às vezes parece que somos nós os brinquedos dos nossos políticos!

Brincadeira em dois actos… (datados de 31 de março)

(Violo propositadamente o acordo ortográfico na palavra “actos”, pois apesar de ser utilizador do novo acordo, custa-me ver escrito “atos” e “atas”, sem ser para os atacadores dos sapatos… de resto, aplicarei, como de costume, o novo acordo. Se estou a ser incoerente? Ya… às vezes faz bem!).

 

Acto I

COMPROMISSO REFORMISTA

O slogan do XXXVI Congresso do PSD realizado em Espinho, não poderia ser o mais acertado, “Compromisso reformista”. A Família Social Democrata reuniu-se no passado fim-de-semana para a reunião magna daquele que é o palco principal de um dos maiores Partidos de Portugal.

PODEMOS PASSAR SEM "O" CENTRO COMERCIAL?

As mais recentes notícias sobre a já longa novela do Centro Comercial de Évora, dão nota de que investidores do Dubai compraram o Évora Shopping, perspetivando-se que as obras iniciadas em 2011 chegarão finalmente ao fim.

Muito se poderia discutir sobre este assunto. Tópicos como:

Será que faz falta um centro comercial na nossa cidade? A localização escolhida é a melhor? Poderíamos reforçar a oferta de algumas marcas ou usufruir de salas de cinema sem a construção deste espaço? Existirão outros investimentos mais prioritários? Sim…ou talvez não.

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