12 Dezembro 2023      10:52

Está aqui

Lenda de um planeta que queria ser salvo

No sistema solar há uns quantos planetas, mas além dele há muitas outras galáxias e muitos outros planetas que nunca, por mais que busquemos, iremos alcançar ou conhecer na totalidade.

O mesmo se passa com o cúmulo do conhecimento humano. Por muito génios que as pessoas sejam, nunca saberão tudo o que há a saber na vida e no mundo. Ninguém é perfeito. Ninguém conhece tudo. Ninguém é tudo.

Na galáxia mais distante do mundo, havia um planeta, um planeta tão bonito e tão rico em tudo. A riqueza do planeta era incomensurável.

Nesse planeta, a vida passa a dia a dia e noite e noite intocável, sem gastar nenhum dos recursos que lá havia. Os seres que habitavam todos falavam a mesma língua e não se agrediam uns aos outros. Entre si havia apenas entendimento e compreensão. Quando havia um problema, havia diálogo e comunicação.

Não conheciam os vizinhos planetas e essa não era uma preocupação que os atormentasse. Aquilo que era preciso, estava ali ao lado e isso chegava. Ninguém ambicionava a conhecer tudo porque sabiam que nunca iam conhecer tudo e nem muito mais além daquilo que estava no conhecimento.

No planeta ao lado, viviam iguais seres. Nele, houve um desenvolvimento tão veloz, tão rápido que as coisas foram absorvidas de forma tão célere e nada mais restava a não ser cimento, pó, fumo e desolação.

Os seres já não falavam a mesma língua e não havia diálogo entre si. A comunicação não existia e os interesses não eram comuns. Daí a pouco tempo, mal esgotassem os recursos, apenas sobraria o pó, e tudo o resto seria arqueologia.

Tinham, no entanto, inventado meios de viajar a outros tempos e a outros sítios. Inventaram muitas coisas que lhes facilitavam a vida no presente, mas todas elas comprometiam o futuro. E esse era provisório e não existiria muito mais tempo.

Todos julgavam conhecer mais do que todos. Sabiam da existência do planeta ao lado e tinham já criado formas de o observar. Não tinham ainda, mas estavam em preparação, formas de viajar até lá. Provavelmente nunca a terminariam de construir porque o fim estava próximo. Não havia recursos para conseguir construir essa nave que transportasse todos. Nos filmes, já a tinham construído tantas vezes e já tinham imaginado como seria tudo.

No primeiro planeta não havia filmes, nem televisões. Nunca ninguém se tinha lembrado de fazer isso. Estavam bem, de qualquer maneira. Talvez estivessem melhor com um bocadinho mais, mas não era importante.

No segundo planeta, elegiam líderes, pessoas que achavam que sabiam mais do que os outros. Nem sempre era bem assim, mas as coisas iam andando, umas vezes pior, outras vezes bem pior e outras ainda muito mal. Uma delas, contrariamente ao normal, um dia teve uma ideia.

O líder lembrou-se de invadir o planeta ao lado, que andavam a observar. Os assessores intervieram e lá avisaram o ser que para lá chegar era preciso transporte e recursos que já tinham consumido e, dado que não havia, isso comprometia a situação…

Foi então que o líder, por quem ninguém dava nada, se lembrou. Já que não podemos lá ir, façamos aqui o que lá fazem bem. E assim foi.