17 Novembro 2022      12:34

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Vidigueira quer inscrever vinho de talha no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial

A Câmara Municipal de Vidigueira tem o objetivo de inscrever a produção artesanal do vinho de talha no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, de forma a, numa fase posterior, entregar o dossiê de candidatura à Comissão Nacional da UNESCO.

O presidente da autarquia, Rui Raposo, explicou à agência Lusa, citada pelo Público, que agora que o dossiê para a inscrição no Inventário Nacional já foi entregue, aguarda-se a avaliação da Direção-Geral do Património Cultural, que deve ser conhecida até ao início do mês de dezembro. Depois, segue-se a candidatura à UNESCO, que, caso a inscrição da produção artesanal do vinho de talha no Inventário Nacional se concretize, pode ser formalizada no início de 2023.

Se no início do projeto desta candidatura, em 2016, estavam envolvidos apenas quatro municípios, esta iniciativa acabou por estender-se a todo o Alentejo pouco tempo depois, passando a incluir 22 municípios e sete outras entidades. 

Assim, deste projeto fazem agora parte as autarquias de Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Arronches, Borba, Beja, Campo Maior, Cuba, Elvas, Estremoz, Évora, Ferreira do Alentejo, Marvão, Mora, Moura, Mourão, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Santiago do Cacém, Serpa e Viana do Alentejo, estando ainda envolvidas as seguintes entidades: o Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo e a Vitifrades – Associação de Desenvolvimento Local.

A CVRA destaca que, em Portugal, tem sido o Alentejo o grande defensor do vinho de talha, tendo sabido preservar esta prática criada pelos romanos há mais de 2.000 anos.

A produção do vinho de talha é feita em vasilhas de barro de grandes dimensões (as talhas) e foi passada entre as várias gerações, mantendo-se praticamente inalterada. Apesar de não existir apenas uma forma de produzir este vinho, a forma mais clássica e tradicional é a que predomina, consistindo na colocação das uvas esmagadas nas talhas, onde a fermentação ocorre naturalmente.

No ano de 2014, havia quatro produtores de vinho de talha na região do Alentejo. Desde aí, o número tem vindo a aumentar, havendo atualmente 23 produtores, responsáveis pela produção de 181.000 litros de vinho de talha. Destes, cerca de 74.000 litros são certificados como Vinho da Talha – DOC Alentejo.

No passado fim de semana, a propósito do São Martinho, as talhas foram abertas na Vila de Frades, a “capital do vinho da talha”, e na Herdade do Rocim, durante o evento Amphora Wine Day.

 

Fotografia de dn.pt