Um coletivo de 20 associações e movimentos ativistas realiza hoje, em Sines, uma ação simbólica de protesto para refletir com o público do Festival Músicas do Mundo (FMM) sobre o futuro do litoral alentejano.
“Pretendemos fazer uma ação simbólica na praia de Sines para sensibilizar quem está no FMM e a população local para o que está a acontecer na região” do litoral alentejano, disse um dos elementos da organização, Bruno Candeias, à agência Lusa.
Durante a ação intitulada "Tirem as mãos do Litoral Alentejano", os promotores pretendem alertar para “a (falsa) transição energética, o turismo de luxo, a agricultura intensiva, a exploração mineira [e] a exportação de animais vivos”, considerando que esta é “a face de um modelo de exploração ambiental e humana, que é urgente travar”.
"O território de Tróia a Odeceixe está a ser sacrificado em nome de interesses económicos, com graves consequências sociais e ecológicas", acusaram, em comunicado enviado à Lusa.
Para esta ação, agendada para as 15:00, na praia Vasco da Gama, em Sines, os promotores apelam ao uso de “coletes refletores” para “dar mais visibilidade” à iniciativa e, com isto, “refletir sobre o futuro do litoral alentejano”.
“Consoante o número de participantes, haverá uma espécie de coreografia simbólica” no areal da praia de Sines, “com o intuito de formar um S.O.S. humano”, explicou o ativista Bruno Candeias.
Participam no protesto as associações Jardim do Mira, Monte Alegre, ProtegeAlentejo, 'Wild Forest Garden', os movimentos Dunas Livres, GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, Juntos pelo Cercal, Juntos pelo Sudoeste, Minas Não, Movimento Juntos Vamos Salvar os Sobreiros, Regenerativa Cooperativa Integral, Roda Inquieta, Solidariedade Imigrante.
Também a Plataforma Anti Transporte de Animais Vivos, SOS Rio Mira, Transição São Luís, Comunidade de Tamera, Cinema Fulgor, Empregos para o Clima (grupo de Sines e Litoral Alentejano) e o Sindicato das Indústrias, Energias e Águas de Portugal fazem parte da ação.
Segundo o responsável, “os investimentos turístico-imobiliários na costa de Grândola, que estão a destruir o cordão dunar, a agricultura intensiva em Odemira, a exploração dos imigrantes no trabalho agrícola [e] a falsa transição energética que estão a impor em Sines”, são alguns dos problemas identificados neste território.
A transição energética “traz um conjunto de problemas em áreas adjacentes, como as mega centrais fotovoltaicas no concelho [vizinho] de Santiago do Cacém, além da questão das eólicas que arrasam ecossistemas, com o abate de sobreiros”, enumerou Bruno Candeias.
Também “a possibilidade de explorar minério no litoral alentejano e a exportação de animais vivos através do porto de Sines”, são questões que preocupam os ativistas que, durante a iniciativa, querem transmitir ao público do FMM que “esta região tem problemas e que é importante travar esta exploração”, acrescentou.
Segundo o responsável, “as pessoas que quiserem participar nesta iniciativa serão convidadas a fazer uma pequena coreografia que irá culminar com um S.O.S. humano na praia de Sines”.
“A multiculturalidade e a abertura deste festival faz com que o público se reveja neste tipo de causas, o que para nós é importante para reforçar e juntar forças à luta, mas no fundo porque é um momento em que muita gente está em Sines e é necessário fazer este alerta”, defendeu.