Elas num dia e eles no outro. A celebração dos "Dias das Comadres e dos Compadres" tem origem numa tradição remota, espalhada não só pelo Alentejo mas também na Madeira, e que marca na Freguesia de Aldeia Velha, Avis, no Alto Alentejo, a proximidade da quadra carnavalesca, anunciando o entrudo de uma forma, no mínimo, ortodoxa. Primeiro as mulheres percorrem as ruas da freguesia munidas de chocalhos a chamar os populares. Ao ouvir a "Chocalhada" o povo junta-se no largo para assistir à "queima das comadres e dos compadres".
Trata-se da queima de bonecos e bonecas de palha, postos a arder pelo sexo oposto e acompanhados, todos, de letreiros cheios de crítica e sátira atirados de um lado para o outro. Mas existe uma ordem nesta "guerra dos sexos". Primeiro são os senhores, no sábado dos compadres, depois elas, no sábado das comadres. Dizem elas: Compadri, que faz aí? Respondem eles: Tive medo da Comadre, fugi.
À vez, eles provocam-nas e elas troçam deles, em zombarias e gracejos em verso, num ritual de julgamento em praça pública, onde se ridicularizam mutuamente. Elvas também tem uma recriação semelhante e que decorre a 28 deste mês, com início às 11h00, na Praça da República, numa organização conjunta de associações juvenis locais. Ali chamam-lhe enterro de Compadres e Comadres. Mas o espírito é o mesmo, uma catarse social, que torna pitorescos os festejos de carnaval na região.
Imagem de capa de poolman.blogspot.pt
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