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Opinião

Dores de cabeça e caspa

Cheguei a casa hoje. Amanhã, quando estiverem a ler isto, será hoje, mas será o dia seguinte, logo aquilo que sabem amanhã, escrevi sem saber o que acontecerá até lá. Quando comecei este texto, tinha chegado a casa há três horas. O meu pai assou sardinhas, a minha mãe preparou uma salada. E eu senti-me feliz por estar em casa. Não tinha dores de cabeça, muito menos caspa. Daí o título do texto desta semana. Não tem relação especial ou privilegiada com nada. É simplesmente uma frase sem verbo. Há só o sujeito.

Coria Del Rio e o Alentejo – A História, como alavanca do desenvolvimento turístico

Coria del Rio é uma pequena cidade da Andaluzia, a cerca de 20 quilómetros de Sevilha, localizada nas margens do rio Guadalquivir. Tem cerca de 30.000 habitantes e uma curiosa história de ligação ao Japão.

De facto, cerca de 600 desses habitantes, com o apelido “Japón”, descendem diretamente dos samurais que por aqui passaram, integrados na Embaixada Kensho, em 1614. Esta missão, enviada para negociar um tratado de comércio com o Rei espanhol Filipe III (segundo de Portugal), foi chefiada por um nobre japonês, Hasekura Tsunenaga.

Os extremismos podem esperar, a vida humana não

A referência a Trump começa a ser uma constante nas notícias e nos espaços de análise política.

Desta feita uma das maiores, senão a maior violação de Direitos Humanos protagonizada pelos Estados Unidos.

Escudado numa lei Trump permitiu que crianças refugiadas ficassem em jaulas afastadas das suas famílias.

Famílias que antes de chegarem aos Estados Unidos passaram pelo inferno da guerra, dos bombardeamentos, das travessias para fugir e garantir a segurança e sobrevivência dos seus filhos.

Evolution

Evolution (2015), de Lucile Hadzihalilovic

Estranhamente nem crítica nem público prestaram o devido tributo a Evolution, a segunda longa-metragem de Lucile H (segunda de duas, por enquanto).

Estamos perante um projecto radical, é certo, mas que não nos empurra para um canto com um certo desdém, como tão bem (tão mal) (tão equivocadamente) o fazem outros, como Gaspar Noé ou Nicolas Winding Refn.

Prefere levar-nos pela mão. Pede vasto e dedicado culto, digamos.

Paço a Passo

Andava tudo num virote. A mulher, o marido, os filhos, os primos, os empregados e as empregadas, o cão, o gato, as galinhas e o pato. Porquê ninguém sabia bem. Eu sei, mas não conto. Enquadremos o texto que aqui se sugere a leitura. A família morava num paço, que é uma casa grande, enorme neste caso. O Paço da família Passos era uma distinta moradia. Andava tudo numa azáfama. Era dia de festa. O seguinte. Aquele era da preparação. A mulher, o marido, os filhos, os primos, os empregados e as empregadas, o cão, o gato, as galinhas e o pato.

Riscos de falhas do SIRESP no distrito de Évora

Há uma matéria que tem sido muito pouco falada na nossa região, mas que nos deve deixar preocupados. Tem a ver com o risco de falhas do SIRESP no distrito de Évora.

Recentemente, através de declarações à imprensa regional, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Évora, informou que em 2017 o SIRESP não funcionava no distrito de Évora, tendo uma cobertura de apenas 40% do território.

Desembosnar

No dia 19 de junho um dos jornais nacionais publicava, a propósito do lançamento da discussão publica do Programa Nacional de Investimentos 2030, uma espécie de antecipação dos investimentos que teriam ficado de fora. Titulava que o “governo deixa Douro e Alentejo de fora de investimento para 2030” e é assim que se vai fazendo um certo tipo de jornalismo que pretende pouco mais do que sobreviver tentando desinformar.

Cidadania e ruralidade

Em tempos idos, onde no Alentejo profundo as dificuldades sociais implicavam um conjunto de comportamentos que aproximavam as suas gentes, factores como a solidariedade e confiança, estimulavam o aparecimento de movimentos cívicos e associativos onde a cooperação e espontaneidade eram indicadores de relevo. No fundo, actos que de forma inata permitiam às populações intervir de forma activa perante os mais variados quadrantes da vida política, cultural e social do seu território.

James Baldwin não é o meu negro, é o meu herói.

Acreditar que o mundo precisa de heróis é uma frivolidade que reduz o indivíduo a muito pouco, a quase nada, e que mais não faz que aceitar a desresponsabilização como fundamento. E sem individualidade responsável não há sapiens sapiens que nos valha. Nessa cama, a crer nas aparências, qualquer um se pode deitar sem sentir o peso da existência (iludindo as suas múltiplas consequências, quer dizer). O vazio total. Viver nesses termos pode ser leve, mas, bem vistas as coisas, de que serve passar todo o tempo que temos a contemplar o vácuo.

Início e fim

Mantenho-me sereno. Sempre sereno. Exceto quando perco a serenidade e me confundo comigo próprio e me iro comigo e sinto que os outros estão, eles, irados comigo. Estou calmo. E no meio desta calma que, mais do que aparente, é concreta. Escrevo estas linhas como quem fala em rima. Não me demoro no meio e faço com que cada verso rime com o próximo. Tudo isto para falar do início e do fim. Das coisas que começam e das que acabam sem dar sinal.

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