8 Fevereiro 2017      16:39

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ONDE QUER QUE VAMOS, O ALENTEJO VAI CONNOSCO

O projecto Monda nasceu no ano passado e espelha a alma e a vontade alentejanas de três criativos músicos que reinventaram as "Modas". Jorge Roque, na voz e viola, Pedro Zagalo no piano e Herlander Medinas no contrabaixo e voz.

Depois de um ano de trabalho intenso, à procura "de uma sonoridade própria", 2017 parece sorrir aos músicos, com muitos concertos agendados e convites de músicos distintos no panorama nacional, como é o caso do Mestre António Chainho, com quem vão atuar no próximo dia 4 de março, em Matosinhos. Numa calorosa conversa com Jorge Roque, em tarde soalheira, levantámos o véu do que aí vem, incluindo um plano de um novo disco.

Tribuna Alentejo: 2016 foi o ano de lançamento. 2017 é o da consagração?

Jorge Roque: Estamos certos que 2017 será um ano, não lhe chamaria de consagração, afinal ainda agora começámos, mas será porventura um ano de confirmação do nosso trabalho junto do melhor que se faz na melhor música em Portugal, modéstia à parte (risos).
Esperamos por isso poder continuar a mostrar a nossa música em Portugal e se possível lá fora.
 
Tribuna Alentejo: Há balanços a fazer e expectativas para 2017. Queres arriscar?
 
Jorge Roque: O ano de 2016 foi muito especial para nós, foi um ano de muito trabalho, na procura de uma sonoridade própria e que, no fundo, fosse representativa da nossa identidade enquanto projecto a três e isso não é fácil de se conseguir. Penso que isso foi conseguido e prova disso é que as pessoas reconhecem o valor do nosso álbum, as "nossas" modas e identificam-se com esta abordagem ao cancioneiro popular alentejano.
2017 será um ano de concertos um pouco por toda a parte, onde esperamos poder pisar mais alguns palcos importantes e de começar, muito tranquilamente, a pensar num próximo trabalho discográfico.
 

Tribuna Alentejo: Na reinterpretação que fazem de muitas melodias conhecidas a alma alentejana está lá. E o vosso trabalho leva essa alma para lugares que a desconheciam. Sentem​-no uma missão, a da representação da cultura popular alentejana?

Jorge Roque: A alma alentejana está lá porque somos todos alentejanos e de outra maneira não poderia ser. E é isso mesmo que queremos que esteja presente no disco. Sempre dissemos que não tínhamos pretensões nenhumas de ser um coral ou um grupo popular do Alentejo, porque o que fazemos vai para além disso. Não quer dizer que seja melhor ou pior, é a nossa interpretação e abordagem aquelas modas.
 
A alma e a riqueza do cancioneiro não estão, quanto a mim, na forma, mas sim no conteúdo. E esse conteúdo pode ter várias interpretações desde que esteja lá a genuinidade, a dos sentimentos e não do modo de dizer as palavras ou do seu sotaque. Contudo estamos longe de ser missionários do que quer que seja para além da nossa própria música, mas é certo que, onde quer que vamos, o Alentejo vai connosco e isso sim, é pronúncio de conquista.
 
 
Tribuna Alentejo: Vão atuar com o António Chaínho a Matosinhos. Fado e Cante. Conta-nos como aconteceu.
 
Jorge Roque: Foi um convite que aconteceu naturalmente e que aceitámos com muita honra, uma vez que é um privilégio poder tocar com o mestre Chainho, o qual consideramos uma personalidade singular na

abordagem e na divulgação de novas sonoridades que trouxe à guitarra portuguesa. No fundo, e sem qualquer tipo de paralelismo, identificamo-nos com essa forma de poder partir de um principio musical, com uma base muito forte, como é o caso do Fado ou do Cante Alentejano e, sem desvirtuar o que quer que seja, traçar o seu próprio caminho. Acho que essa é a principal característica que une estes dois projectos. É desta forma surge o primeiro concerto que terá lugar em Matosinhos no próximo dia 4 de Março e que estou certo, poderá ser o primeiro de muitos a unir estes dois patrimónios.

 

Tribuna Alentejo: Como foi no Tivoli?
 
Jorge Roque: O espectáculo dos Monda no Tivoli foi o início de tudo o que está para vir, penso eu. Ao mesmo tempo que podemos considerá-lo a conclusão da produção e promoção deste primeiro álbum, onde tivemos o prazer e o privilégio de ter todos aqueles que participaram e ajudaram neste disco, foi sem dúvida o primeiro dia do resto das nossas vidas enquanto Monda. Para além do concerto ter sido memorável, ficámos com a sensação de que as pessoas querem e esperam ouvir mais coisas de nós e isso dá-nos muita motivação para podermos prosseguir o principio, de um caminho que queremos longo.