21 Maio 2018      17:24

Está aqui

Obrigado António Arnaut!

Homenagear António Arnaut é reconhecer o papel da liberdade e do serviço público nas nossas vidas. Elogiar António Arnaut é enaltecer a igualdade como causa prestada através do Serviço Nacional de Saúde. Agradecer a António Arnaut é celebrar de forma fraterna a Democracia!

Este dia iria chegar (o da sua morte), as homenagens vão-se suceder naturalmente durante os próximos dias, mas nunca será demais salientar a marca da vida de António Arnaut e, nesse sentido, é incontornável falar do Serviço Nacional de Saúde. Assim, neste momento, impõe-se uma reflexão sobre o estado do SNS, sem esquecer os contributos de muitos outros, mas onde se destaca a luz do pensamento de António Arnaut.

Podemos adiantar que aos dias de hoje é bastante fácil, diria que é até um clichê, apontar o dedo aos erros, às falhas e insuficiências do Serviço Nacional de Saúde - sem entendermos bem aquilo que já construímos, aquilo que já faz parte do nosso património social e uma matriz do nosso país e que muito devemos a António Arnaut. Quando falamos do Serviço Nacional de Saúde, quer no contexto nacional, quer a nível regional, muitas são as vozes que se juntam, na maioria dos casos com propriedade, para evidenciar as lacunas de alguns serviços. Mas seria muito interessante, hoje, fazermos uma análise retrospectiva – entendermos o legado SNS – e prospectiva – para onde deve caminhar.

Antes disso, no dia de hoje não podemos fazer outra coisa que não agradecer e reconhecer o papel do SNS nas nossas vidas, como pilar fundamental e garante da prestação de cuidados médicos a toda a população. No dia de hoje não podemos fazer outra coisa que não agradecer e reconhecer o papel de António Arnaut na edificação das colunas que sustentam, ainda hoje, o SNS. O ano de 2019 vai ser por isso marcante porque irá assinalar os 40 anos do Serviço Nacional de Saúde Público da República Portuguesa. Espero também que o próximo ano se transforme numa homenagem dedicada à vida e obra de António Arnaut!

Os grandes obreiros do SNS são decididamente os seus profissionais; este texto é também uma homenagem ao seu trabalho diário. No entanto, se existem muitos rostos que se confundem com os próprios serviços no SNS, se há muitos nomes que ficam eternamente ligados a algumas unidades, o nome de António Arnaut ficará para sempre ligado ao sistema, à rede, à ideia filosófica e filantrópica de serviço público e universal de Saúde. Falar do Serviço Nacional de Saúde é falar de António Arnaut!

Apesar de todo o situacionismo político, o SNS é, por regra, notícia pelas piores razões, sem que muitas vezes façamos um juízo de consciência de tudo o que já foi feito, tudo aquilo que já conseguimos e que está à disposição dos utentes (de todos) no SNS. Embora reconheça que o acesso ao SNS é diferenciado, como alguns estudos demonstram, este é e continua a ser um exemplo de verdadeiro serviço público, de igualdade e de justiça social. A par da educação, não há qualquer dúvida do papel central e decisivo do serviço nacional de saúde e isso devemos em grande medida a António Arnaut.

Arnaut chegou a referir que o SNS tinha sido em teimosia sua. Pois bem, que continue a ser uma teimosia de todos os Portugueses. O futuro do SNS depende da ideia de sociedade que queremos e que podemos ter. Os desinvestimentos nos serviços de saúde não são compatíveis com um modelo social avançado que queremos e ambicionamos. Queremos hoje da mesma forma o investimento sustentado no SNS como queríamos a sua criação após o 25 de Abril de 1974.

Hoje está de luto a força das ideias, está de luto o progresso e está de luto o socialismo.

Temos pela frente enormes batalhas cuja pressão dos tempos nos exige uma resposta carregada de humanidade. Este é o legado de António Arnaut, a luta pelo pensamento livre e igualdade de oportunidades numa sociedade moderna e justa.

Imagem de capa daqui.