20 Novembro 2018      10:54

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Falta quase tudo à GNR no Alentejo. Instalações, viaturas e efetivos

O assunto é recorrente. A falta de meios aos soldados da Guarda Nacional Republicana no Alentejo.

Redução de efetivos, instalações degradadas, e a incapacidade de cobrir a maior região do país, cheia de pequenos e remotos núcleos de habitantes, por falta de viaturas.

João Dias, deputado da CDU eleito por Beja, não acreditou no que viu numa visita recente que fez às instalações da GNR em Beja. O edifício do Comando Territorial da GNR de Beja está em tão mau estado, provocado por um número incontável de infiltrações, que ameaça ruir e as "pequenas derrocadas" já causaram danos em viaturas estacionadas ali estacionadas. E as viaturas são outro problema. Grande parte do parque automóvel tem mais de 20 anos e os carros que acabam por ser abatidos, "não são substituídos".

O Comando da GNR de Beja tem um total de 35 postos territoriais que cobrem 10 mil quilómetros quadrados, mas para o fazer dispõe apenas de oito viaturas. André Ribeiro, da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda, confirma a situação "degradante" ao Correio da Manhã. "Há viaturas paradas por falta de pastilhas de travão ou embraiagem e não há ordem de reparação, o que é ridículo".

Por exemplo, para o destacamento de Moura, que cobre mil quilómetros quadrados e com 11 postos, só há duas viaturas a funcionar, sendo que as demais estão simplesmente "encostadas", à espera de reparação. Um pouco melhor está Odemira, que tem também duas viaturas, mas para 6 postos.

Já as populações de Vila Verde de Ficalho, Pias e Vila Nova de S. Bento ficam sem GNR a partir das 17h00, que é hora do posto local fechar. Segundo a população a partir daquela hora não vale a pena pedir ajuda porque o posto da GNR de Serpa fecha às 17 horas e apenas se pode contar com uma patrulha, que tem de cobrir 900 quilómetros quadrados, o que está a causar um sentimento generalizado de abandono e insegurança. A autarquia local já fez vários apelos de reforço dos efectivos da GNR mas, segundo a presidente da União de Freguesias de Vila Nova de S. Bento, sempre sem resposta.  Aquela região conta com apenas 24 militares e 2 carros para patrulha.

Mais a norte, em Montemor-o-Novo a redução de efetivos da GNR e a possibilidade de encerramento do posto da GNR de Santiago do Escoural, que conta com apenas um efetivo, causou alarme na população e levou mesmo a Assembleia Municipal de Montemor-o-Novo a pedir a intervenção do governo durante o verão.

Segundo o município, a população sente insegurança na falta de efetivos da GNR, particularmente nos patrulhamentos noturnos e liga uma "redução de efetivos" ao aumento de "vandalismos de bens e equipamentos" e "assaltos a propriedades", a que o governo deve dar resposta.

E quando mais ninguém resolve, as autarquias fazem o possível para garantir condições à GNR. Um exemplo é o de Vila Alva, no concelho de Cuba, que voltou a contar com um posto da GNR em funcionamento, fruto de um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Cuba, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Alva e a GNR, celebrado com o propósito da cedência de um imóvel para a instalação do Posto Territorial em Vila Alva.

A cedência a título gratuito de um imóvel da Santa Casa de Vila Alva à GNR, veio assegurar que a localidade e os seus residentes continuassem a usufruir dos serviços desta força de segurança e também de garantir aos operacionais condições de trabalho mais dignas.

Em declarações, o presidente da autarquia João Português revelou que “A inauguração do novo espaço da GNR revela a preocupação da autarquia em garantir nesta localidade a existência de um serviço de segurança de proximidade. Algo com que a população de Vila Alva pode sempre contar e da qual estava privada desde o início de 2017”, naquilo que considera uma vitória dupla pois contraria também o clima de encerramento de serviços que se vive no interior.

Embora o façam de uma forma velada, muitos autarcas alentejanos estão preocupados com a falta de condições, mas sobretudo com a falta de efetivos na região e vão fazendo o possível para minorar o problema, mas "há um limite para a situação", revelou um Presidente de Câmara do distrito de Évora, e "as populações dos municipíos mais periféricos" são quem "mais riscos correm" neste momento.

Imagem de capa de © DR

 

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