27 Dezembro 2023      12:05

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Alentejo é um “laboratório vivo” para alterações climáticas

O Projeto Guardiões encontra-se na sua fase final, tendo sensibilizado, nos últimos dois anos, milhares de jovens e mobilizado dezenas de responsáveis e entidades, além de ter desenvolvido centenas de ações, conteúdos e projetos sobre os atuais desafios ambientais, com o foco no Alentejo.

Em declarações ao Jornal de Negócios, Luís Loures, presidente do Politécnico de Portalegre, afirma que “o balanço do projeto é muito positivo. Executámos todas as ações a que nos propusemos, com grande sucesso”.

Este projeto foi lançado pelo Politécnico de Portalegre, em conjunto com o Fórum da Energia e Clima e a Comissão Coordenadora de Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR Alentejo), para dinamizar a transformação da região num grande laboratório vivo para desenvolver conhecimento, soluções e projetos que aumentem a sustentabilidade na região, no país e no mundo.

O Alentejo, por ser uma das zonas do país que mais está a sofrer com o impacto das alterações climáticas, com fenómenos meteorológicos extremos, motivou a criação do Projeto Guardiões, que envolveu responsáveis do setor público e privado, além de apostar numa forte sensibilização da sociedade civil e da população, nomeadamente os mais jovens.

Neste sentido, a iniciativa desenvolveu-se em duas linhas principais de ação: uma de investigação, partilha do conhecimento e desenvolvimento de soluções, e uma outra de sensibilização e educação ambiental.

Na primeira linha de ação foram realizados diversos projetos, com destaque para cinco conferências internacionais, denominadas “Energy and Climate Summit”, que trouxeram ao Alentejo alguma da melhor ciência, bem como exemplos e boas práticas nacionais e internacionais no combate às alterações climáticas.

A primeira conferência teve como temática “Educação e Conhecimento” e realizou-se em Portalegre. Seguiu-se Sines, onde o tema foi “Energia e Transição Justa”. A terceira conferência, sobre gestão dos recursos hídricos, decorreu em Beja. Em Évora teve lugar a quarta conferência deste ciclo, com o tema da “Mobilidade e Transporte Ferroviário”. A conferência final, dedicada à “Economia Circular”, aconteceu já em abril deste ano, em Portalegre.

Na área da sensibilização e educação ambiental, segundo Luís Loures, “interagimos com mais de 7500 alunos da região, utilizando conteúdos que desenvolvemos e adaptámos para a região, num processo extraordinário de colaboração com a CCDR, autarquias, agrupamentos de escolas e associações de jovens”.

Para o responsável, “os Guardiões que dão o nome à iniciativa são as crianças de seis ou sete anos ou os jovens de 16 ou 17 anos que conseguirmos sensibilizar para as questões ambientais. É com eles que temos de contar para assegurar um futuro mais risonho para a região”.

Foi com este objetivo de “formar Guardiões” que a equipa do projeto esteve em 27 agrupamentos de escolas para realizar ações de sensibilização e promoveu também várias ações de limpeza ambiental na região, envolvendo dezenas de jovens em Marvão, Castelo de Vide e Évora.

Uma parte fundamental do trabalho do Guardiões foi o desenvolvimento, por uma equipa multidisciplinar, de conteúdos científicos e didáticos sobre questões ambientais que impactam a região e que foram objeto de divulgação através dos meios de comunicação social, dando origem a um website e a centenas de publicações nas redes sociais, que já contabilizam milhares de visitas.

Paralelamente, foi desenvolvida uma aplicação móvel, atualmente com centenas de utilizadores, que disponibiliza e “gamifica” um conjunto de práticas para a sustentabilidade.

O projeto criou também uma rede de dez sensores que medem continuamente a qualidade do ar em vários pontos do Alentejo, cujos resultados podem ser consultados, em tempo real, numa app dedicada.

Com a conclusão do projeto, abre-se uma segunda fase que deverá ser dominada pela aplicação, no Alentejo, do conhecimento já acumulado sobre o combate às alterações climáticas.

“Neste projeto identificámos mais de 50 projetos de boas práticas, já executadas a nível mundial, que podem ser replicadas e implementadas no Alentejo”, refere Luís Loures.

De acordo com o professor universitário, “o Alentejo pode ser um laboratório vivo, também do ponto de vista da implementação de medidas de mitigação do impacto das alterações climáticas”.

Na sua perspetiva, “é por aí que devemos ir. E é neste sentido que estamos a desenvolver novas propostas e novos projetos, quer de investigação quer de implementação e desenvolvimento, ligados a esta temática”, acrescenta.

 

Fotografia de ccdr-a.gov.pt