6 Fevereiro 2023      10:03

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Alentejo Central terá Unidade Local de Saúde em breve

Fátima Fonseca, integrante da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde

A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) aprovou, no passado dia 3 de fevereiro, a criação do Grupo de Trabalho para a instalação da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central, a quarta da região.  

De acordo com o Diário de Notícias, o Alentejo será a única região que, em breve, estará toda a funcionar de acordo com o modelo de gestão das Unidades Locais de Saúde (UNL), inscrito na legislação há mais de 20 e que permite a integração de cuidados de vários níveis. Tudo porque é agora uma das apostas da equipa do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e da Direção Executiva do SNS.

Em declarações ao Diário de Notícias, Fátima Fonseca, médica de Medicina Familiar, ex-presidente da ULS do Minho e que integra agora a DE-SNS, liderada por Fernando Araújo, explica que “a aposta no modelo ULS resulta da convicção de que é possível organizar os serviços de que atualmente dispomos de uma forma diferente e conseguindo que as populações beneficiem de cuidados cada vez mais próximos, cuidados cada vez mais qualificados e definidos e executados por equipas integradas, com impacto na qualidade dos serviços prestados ao utente, na gestão de percursos integrados e no aumento da satisfação das pessoas do SNS: utentes e profissionais de saúde”.

Isto explica por que se avançou já para a criação do GT para a ULS do Alentejo Central, que vai abranger o Hospital do Espírito Santo, em Évora, e o ACeS do Alentejo Central, que cobre os concelhos do Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas, Viana do Alentejo e Vila Viçosa, numa extensão de 7393 km2, e serve uma população residente que ronda os 170 mil habitantes.

Segundo a responsável, este modelo das ULS já está “consolidado na generalidade do Alentejo e com resultados. É um modelo que tem muitas potencialidades, que foi avaliado por nós e pelos responsáveis da ARS do Alentejo, do Hospital de Évora e do ACeS Central, e todos concordámos que estavam criadas as condições para se avançar com mais esta ULS”.

Além disso, “há uma condição adicional para que o trabalho desta ULS possa ser coroado de sucesso, pois, historicamente, já existe um excelente relacionamento e uma boa interação entre ambas as instituições (hospital e ACES), que já desenvolvem vários projetos em conjunto”, acrescenta.

Fátima Fonseca argumenta ainda que “a integração de cuidados não se faz por decreto. Faz-se com trabalho desenvolvido entre as pessoas e, aqui, já há essa integração de cuidados, já há partilha de projetos e de recursos. Portanto, em resumo, o que vamos fazer é mesmo só integrar o funcionamento num modelo de cuidados mais ágeis para se conseguir obter mais ganhos em saúde para a população, que sabemos que está envelhecida e em dispersão geográfica, e até com área com muita desertificação”.

A ULS do Alentejo Central ainda não tem data para começar a funcionar. O Grupo de Trabalho do projeto tem oito semanas para apresentar o plano de negócios da futura ULS, e “só ao fim deste período é que o plano será avaliado, discutido e depois aprovado, mas só este trabalho é logo um estímulo para os profissionais”, sublinha Fátima Fonseca.

De acordo com o despacho de criação do GT, o plano de negócios da ULS do Alentejo Central deve contemplar “a descrição da área de influência direta e indireta, a análise do perfil assistencial e os meios técnicos e humanos do ACeS e da instituição hospitalar a integrar na futura ULS, o posicionamento estratégico da nova entidade, identificando a oferta de cuidados de saúde e os objetivos estratégicos, onde são apresentadas as várias áreas em que se pretende intervir, bem como as ações e iniciativas concretas que se pretendem implementar para a sua concretização". Além ainda de uma "análise económico-financeira e as vantagens do novo contexto versus a realidade anterior e os ganhos em saúde com a criação da futura ULS”.

Note-se que, na região, já funcionam as ULS do Norte Alentejano, criada em 2007, a do Baixo Alentejo, desde 2008, e a do Litoral Alentejano, desde 2012.

No sul do país, as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve são as únicas que ainda não têm uma única ULS. No entanto, o próprio diretor executivo do SNS já anunciou estarem previstas, por exemplo, para “a Península de Setúbal”, que tem apenas uma unidade hospitalar e um ACeS, e até Santarém, explicando que têm sido “os próprios profissionais a solicitar esta necessidade” e as próprias autarquias, por considerarem que esta integração trará benefícios.

Fátima Fonseca, que na DE é responsável pela área dos cuidados primários, destaca ainda que o modelo de ULS traz benefícios através da “integração de cuidados, de uma gestão mais ágil, em eficiência e até em termos de economia de escala”.

Para a médica, “este é o grande avanço”: “colocar as unidades de saúde a funcionar em rede e os profissionais a pensar de forma global, e a preocuparem-se em conjunto com a população”.

Já para a tutela e DE-SNS, este modelo permite uma resposta “mais qualificada”, “a simplificação de processos” e “o incremento na articulação de cuidados entre equipas de profissionais de saúde, maior proximidade das instituições, numa mesma área geográfica, melhorando a participação dos cidadãos, das comunidades, dos profissionais e das autarquias na definição, acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, maximizando o acesso e a eficiência do SNS”.

 

Fotografia de portugal.gov.pt