4 Julho 2022      11:45

Está aqui

O Voo

Pesado e quente, apertado e irrequieto, tenta falar comigo. Era apenas um coração melancólico a apelar ao meu sonho de adolescente, amante de livros clichês. Era apenas um desejo. Apenas.

As borboletas que outrora elaboravam a coreografia mais cativante que já vira, transformaram-se num vácuo ocupado por silêncio. A trovoada roubou, pela calada, o sol quente que me abrigava e eu aprendi a gostar da chuva e da frescura que me oferecia.

Os meus sonhos tornaram-se perigosos com uma mistura de nostalgia e felicidade que fora bloqueada. Leve e livre como um pequeno passarinho, aproximo-me e em passos moderados, esforço-me para chegar ao outro lado, que tanto grita pelo meu nome há tanto tempo.

De repente, tudo parece parar no tempo quando o seu sorriso acolhedor, ilumina tudo o que há segundos permanecia negro. Estou desassossegada e impaciente. Danço em sintonia com o seu bater de coração e o tempo decide fazer uma pausa de novo. Ou será que nunca avançou? Guardo em mim tudo para um dia mais tarde recordar o que não foi possível levar para a vida. Como se me esquecesse do mundo, como se tudo não passasse de uma viagem, capto as fotografias mais mágicas na minha mente, onde se encontram as telas mais bonitas que os meus olhos alguma vez captarão.

Levando-te para todo o lado comigo, apresento-te as cores que transmites, as músicas calmas que passam pela minha cabeça e os textos que se formam pela maneira que me olhas. O teu tom de voz sugere casa e torna-se fácil voltar a ficar quente.

Faço o rabo-de-cavalo mais desajeitado que as minhas mãos me permitem, respiro lentamente fundo e foco. O passarinho não desistiu e voa agora.