Organização
O Estado Islâmico do Iraque e da Síria tem uma estrutura que envolve muitas funções e jurisdições, de acordo com os documentos do ISIS apreendidos pelas forças iraquianas e vistos pelos oficiais americanos e por Hashim Alhashimi, um investigador iraquiano.
Muitos dos seus líderes são ex-oficiais do antigo exército de Saddam Hussein, há muito desmantelado, que melhoraram e acrescentaram técnicas terroristas às suas competências de soldados durante anos de guerra com as tropas norte-americanas.
Território
O ISIS rapidamente expandiu as suas áreas de controlo no Iraque e na Síria ao tomar cidades próximas das principais rotas de fornecimento, de infraestruturas essenciais e fronteiras.
Ao longo do verão, o grupo avançou mais pelo território sírio, retomando posições e território que tinha sido perdido para outros grupos rebeldes e tomando várias bases militares do governo sírio. Ainda está a tentar consolidar o seu domínio na fronteira entre Iraque e Síria.
Os guerrilheiros do ISIS sofreram alguns contratempos no Iraque, onde os ataques aéreos americanos ajudaram as forças iraquianas e curdas a reclamar a tomada da barragem de Mosul e da cidade turcomena (povo que emigrou para a Mesopotâmia no séc. VII) de Amerly.
Finanças
Milhões de dólares em lucro do petróleo tornaram o ISIS um dos terrores mais ricos da história. Os especialistas estimam que o valor dos lucros dos cerca de doze campos de petróleo e refinarias debaixo de controlo do ISIS, quer no Iraque quer na Síria, sejam de 1 a 2 milhões de dólares diários.
O grupo controla muitos dos campos de petróleo na Síria ocidental. Em julho, as tropas do ISIS tomaram controlo do maior campo de petróleo sírio, Omar, que estava a produzir cerca de 30.000 barris por dia quando estava em funcionamento completo. Recentemente estava a produzir um terço, ou até menos.
O ISIS expandiu os seus ataques às áreas de produção de petróleo iraquianas em junho, e uma invasão massiva, em agosto, à área curda, deu-lhes acesso a ainda mais reservas de petróleo. Os especialistas estimam que os campos de petróleo iraquianos nas mãos do ISIS possam produzir 25 a 40.000 barris diários – o que significa que valerão pelo menos 1.2 milhões de dólares no mercado paralelo.
Modo de governar
Quanto tomam uma cidade, o ISIS mantem uma seleção de serviços a funcionar, usando a força bruta para lhes impor a visão do ISIS de um Estado fundamentalista islâmico. A polícia religiosa assegura-se de que as lojas fecham durante as orações islâmicas e que as mulheres escondem o cabelo e cara em público. Os espaços públicos estão cercados por pesadas cercas metálicas com as bandeiras negras do ISIS. As pessoas acusadas de desobediência à lei são punidas e executadas ou amputadas publicamente. Ao mesmo tempo, o ISIS mantem os mercados, padarias e bombas de abastecimento de combustível a funcionar.
Militar
A CIA acredita que o ISIS tenha entre 20 a 31.500 soldados no Iraque e na Síria e estima que 15.000 são recrutas estrangeiros.
A maior parte dos recrutas vem dos países muçulmanos mais próximos, como a Tunísia e a Arábia Saudita. A parte mais pequena vem de países tão distantes e díspares como a Bélgica, China, Rússia e Estados Unidos.
Armamento
O ISIS roubou milhões de dólares em armamento das instalações militares no Iraque e na Síria. Também intercetou a rota de mantimentos, enviados por vários governos, que se destinavam aos rebeldes sírios. A “Conflict Armament Research”, uma empresa privada que investiga o tráfico de armas, seguiu o rasto de pequenas armas e rockets usados pelo ISIS que parecem ter sido providenciados a outros combatentes pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos.
Entre as armas examinadas pela “Conflict Armament Research” estavam espingardas M16 e M4 com o selo de propriedade do governo norte-americano. Essas armas também estão na posse das inconstantes forças xiitas no Iraque, onde os Estados Unidos forneceram centenas de milhares de pequenas armas às forças apoiantes durante a longa ocupação do Iraque.
A “Conflict Armament Research” encontrou também rockets antitanques M79, da antiga Jugoslávia e que eram iguais aos que a Arábia Saudita forneceu aos rebeldes na Síria.
Reportagem desde o Iraque e Jordânia: TIM ARANGO, SUADAD AL-SALHY, C.J. CHIVERS, BEN HUBBARD, ROD NORDLAND e ALISSA RUBIN
Artigo de Gregor Aisch, Joe Burgess, C. J. Chivers, Alicia Parlapiano, Sérgio Peçanha, Archie Tse, Derek Watkins e Karen Yourish para o New York Times
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