22 Fevereiro 2024      10:36

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O fio de cobre

Voando de monte em monte, sonhava eletricamente em mundos melhores, acreditando nunca ser interrompido no seu feixe de luz e energia. Enterrado nos mais escondidos recantos do mundo, ligando lado a algum outro lado, entregava-se à escuridão esperando não ser encontrado.

O fio de cobre percorria caminhos infinitos, em motores e energia. Verdade que foi criado pelo homem e não servia só para voar ligando poste a poste ou mergulhar sem ser encontrado. O fio de cobre servia também para outras e variadas utilidades, para tachos, cântaros, panelas, potes. Era nas mãos hábeis dos artesãos que se transformava. Se fosse um ser vivo poderíamos ver concretizadas em pessoa. Fazendo uma personificação do cobre, talvez conhecêssemos uma pessoa amável, dedicada, sociável.

Infelizmente ou felizmente, o cobre não tem essas propriedades e não consegue transmitir as suas emoções como um ser humano.

Se o fosse, poderia ser talvez uma estrela famosa, um ídolo de muitos. Mas não é e a realidade é só uma, por muitas perspectivas que lhe queiramos adicionar ou por muitas tentativas que sejam utilizadas para a distorcer. Todos admiramos as suas propriedades e as suas capacidades de transformação e de comunicação. É ele próprio que leva a luz de uma ponta à outra. E é ele que nos acompanha.

Poucas vezes me lembro do fio de cobre e do cobre em si, devo confessar. Se me lembro mais vezes é quando vejo nas notícias que há alguns que gostam ainda mais do cobre do que toda a gente e tanto assim o é que lhes procuram dar um novo lar e lhes proporcionam novas valências e utilidades. Tanto assim é que se tornam famosos sem que ninguém os conheça, tal como o próprio cobre que seguem.

Talvez um dia não falemos mais dele, talvez um dia o plástico e outros componentes façam todo o seu trabalho. Porém, até lá, quanto não vale imaginar esse fio condutor na nossa mente?