30 Setembro 2023      15:06

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A idade

Hoje, escrevo sobre qualquer idade, a minha

Idade, a vossa idade, a idade do país, a idade da desigualdade…

 

Falo de um país imaginário… que tenho a certeza não existe nem na América, nem em Portugal….

Nesse país, numa das minhas visitas, num encontro inesperado encontrei um cidadão que me colocou várias perguntas e me apresentou argumentos válidos. Passo a citar:

 

Porque não acarinhamos os nossos idosos? Porque não damos o devido respeito àqueles que nos proporcionaram as condições que temos hoje? A cada dia que passa, somamos exemplos e exemplos de uma realidade que nos envergonha.

Um país para seguir em frente, para superar as estatísticas, deveria considerar que grande parte da sua população é idosa e não obrigar a que os que vivem isolados tenham de fazer mais de 60km para levar uma pulseira azul. Aqueles que ainda teimam viver no isolamento dos lugares mais distantes e que não se suicidam, sabem o quão difícil será chegar ao destino sem obstáculos.

A idade é um detalhe importante. De facto, agora que falamos nisso, recordo-me que, quando comecei a estudar tive de fazer 35km e passar a semana, a partir dos 10 anos longe da minha família durante a semana porque não havia possibilidade de nada mais.

Não era pela idade, era mesmo pela situação.

Na altura, os meus pais fizeram o máximo possível para assegurar que tinha acesso a uma educação adequada.

Hoje em dia, a minha idade está nos 40as… mas a daqueles que me criaram e a quem devo tudo está no dobro. E que faz o país deles por eles?

Falo de um país imaginário. De um país que seria incapaz de obrigar um pai de 80 anos a fazer 70km numa ambulância, de lhe dar uma pulseira azul, e obrigá-lo a ir para o hospital mais próximo, digamos a capital de distrito, no carro próprio porque não havia serviço ambulatório disponível, já para não falar em episódios anteriores… dos quais o autor terá sido protagonista…

Este, tenho a certeza, não é o meu país, aquele em que pago os meus impostos, como os idosos pagaram os seus… mas, de certeza, aquele retratado nesta crónica é um país de fantasia onde as coisas correm mal… aqui, tudo corre bem!