4 Junho 2024      10:07

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Hospital de Évora: metade dos médicos ortopedistas demite-se

Quatro dos sete ortopedistas do hospital de Évora demitiram-se e vão deixar a unidade no final de julho, alegando descontentamento com as condições de trabalho e incompatibilidades com a direção do serviço.

A informação foi avançada por Armindo Ribeiro, secretário regional do Alentejo do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que, em declarações à Lusa, indicou que os clínicos descontentes já entregaram os pedidos de rescisão de contrato à administração do hospital.

“Entregaram as cartas de demissão depois de vários avisos à administração, porque estavam descontentes com as condições de trabalho e com algumas posições da direção de serviço. Foram ameaçando até que agora cumpriram”, afirmou.

Uma fonte da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central (ULSAC), a que pertence o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), referiu que o conselho de administração tomou conhecimento da decisão dos quatro ortopedistas.

“Face às demissões apresentadas, irão ser tomadas todas as medidas necessárias para garantir o bom funcionamento do Serviço de Ortopedia e a resposta à população”, sublinhou a mesma fonte.

A fonte da ULSAC notou ainda que, no dia 23 de abril, foi aberta uma manifestação de interesse para a direção daquele serviço, cujo processo ainda decorre.

Já o dirigente sindical frisou que as incompatibilidades entre o diretor e os médicos começaram no final de 2023 e manifestou-se preocupado com as consequências destas saídas.

“O serviço de ortopedia fica com três especialistas e, provavelmente, vai perder capacidade formativa e, quando isto acontece, o colégio encontra maneira de os internos continuarem a especialidade noutros hospitais”, alertou.

Segundo um dos médicos que entregaram os documentos de rescisão de contratos, em causa está a relação dos médicos com o diretor de Ortopedia: “o serviço tem tudo para funcionar como deve de ser. É composto maioritariamente por pessoas novas, cada pessoa faz a sua área, temos um novo hospital em construção e temos uma equipa espetacular, só não nos damos bem com o diretor”, disse.

O médico alegou também que os clínicos descontentes trabalharam “seis meses com ambiente péssimo no serviço, com discussões frequentes, desorganização total”, dando um exemplo: “fomos obrigados pelo diretor a cancelar férias e a fazer banco de urgência, mesmo com as férias aprovadas”, realçou.

“Os quatro médicos que entregaram a rescisão de contratos operámos, no ano passado, no global, mais de 800 doentes, o que representa 64% dos doentes operados na Ortopedia. O serviço perde muita coisa com a nossa saída, desde logo, a hipótese de ter uma equipa diferenciada em cada área anatómica”, acrescentou.

 

Fotografia de boaconsulta.com