30 Dezembro 2019      11:01

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Portugal 2020

No balanço do ano que termina, e nas aspirações para o ano que começa, que inevitavelmente acabamos por fazer nesta época, surgiu-me o verso de Camões: “Que um fraco Rei faz fraca a forte gente.” No verso que finaliza a estrofe cento e trinta e oito do terceiro canto da epopeia, Camões refere-se a D. Fernando I e à fraqueza da sua liderança na defesa do reino contra o então inimigo Castela. O que me aflige para o futuro do país é que, extinta a monarquia e derrubada a ditadura, deixámos de ter quem culpar, senão a nós próprios, eleitores que somos das nossas lideranças, pela fraqueza com que, mais de seis séculos depois, continuamos a ser liderados.

Assim, para 2020 não peço novos líderes, que não nos mintam nem enganem como fizeram os de 2019, que não sejam eleitos com base nos mesmos programas caducos que nos vendem há décadas. Prefiro ser ambicioso e pedir novos cidadãos, mais audazes e mais exigentes, que ousem sonhar mais alto e ao mesmo tempo ser mais realistas, o inverso do simétrico do que temos feito e do que nos estagna enquanto povo. E peço cidadãos europeus e cidadãos do mundo, visionários que reconheçam que a riqueza das nossas regiões não está em fecharmo-nos sob as suas fronteiras, mas precisamente em abrirmo-nos ao mundo globalizado, por intermédio desta Europa que é tão só a região do planeta com maiores índices de desenvolvimento da atualidade, e na qual tantas vezes nos esquecemos de ter orgulho de viver.

Feliz 2020.