23 Julho 2023      11:04

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Curta portuguesa vence Festival Ibérico de Cinema de Badajoz

As curtas-metragens portuguesas a concurso no Festival Ibérico de Cinema de Badajoz-FIC conquistaram a maioria dos galardões, entre eles o de melhor curta-metragem, melhor realizador ou melhor atriz. A gala de encerramento desta 29ª edição do FIC teve lugar a 21 de julho, em Badajoz.

Desde o seu início, o Festival Ibérico de Cinema de Badajoz tem-se empenhado em dar visibilidade ao cinema português, assim como em reforçar os laços entre a indústria audiovisual de Espanha e de Portugal. Este ano, o FIC recebeu 982 curtas-metragens, um número recorde para a organização do evento. Deste total, o comité de seleção escolheu dezoito títulos, treze espanhóis e cinco portugueses, para participar na Secção Oficial. Num ano de grande qualidade, as cinco curtas-metragens portuguesas a concurso receberam algum prémio.

As sacrificadas foi, sem dúvida, a grande vencedora da noite, conquistando três Onofres, as estatuetas do FIC. Esta curta-metragem de Aurélie Oliveira Pernet, uma produção suíço-portuguesa, recebeu os prémios de melhor curta-metragem, melhor realização e melhor atriz, para Tânia Alves. O trabalho de Oliveira Pernet conta ainda no seu elenco com atores portugueses como Adriano Luz e Valerie Braddell. As sacrificadas conta a história de Otília (Alves), uma mulher sufocada pelas suas obrigações num campo português devastado pelos incêndios.

A animação portuguesa foi também uma das grandes vencedoras da noite. O filme O casaco rosa, dirigido por Mónica Santos, foi distinguido com o prémio "Luis Alcoriza", o prémio atribuído pelo Júri Jovem. É o segundo ano consecutivo que este prémio é atribuído a um filme português. O casaco rosa é uma curta-metragem de animação, com uma letra musical interpretada por vozes de crianças que contrasta com os brutais atos cometidos por este casaco, uma peça de roupa que representa o inspetor do regime salazarista, António Rosa Casaco.

Também o guião de Garrano, escrito pelos portugueses David Doutel e Vasco Sá, foi premiado. O guião aborda, sem diálogos excessivos, temas tão duros como o trabalho infantil, a pobreza e os incêndios. Esta obra, também realizada por Doutel e Sá, foi apresentada em alguns dos melhores festivais internacionais de animação, como o Animafest Zagreb ou o Festival de Annecy.

A curta-metragem de animação Ice merchants também não ficou para trás. A obra de João Gonzalez, nomeada para um Óscar em 2023, ganhou um Onofre à melhor música original. A banda sonora do filme foi composta pelo próprio Gonzalez.

Finalmente, e fora do âmbito da animação, mais um prémio foi atribuído a uma produção portuguesa. Neste caso, o júri atribuiu o prémio de melhor fotografia, prémio patrocinado pela Associação Espanhola de Realizadores e Diretores de Fotografia-AEC, ao trabalho de Tiago Carvalho em Raticida. Nesta curta-metragem realizada por João Niza Ribeiro, Carvalho utiliza uma gama de cores que combina com o cinzento argumento.

As curtas-metragens foram projetadas nos dias 17, 18 e 19 de julho em Badajoz e nas localidades transfronteiriças de Olivença e San Vicente de Alcántara.

Entre os membros do júri desta 29ª edição esteve o produtor português Fernando Centeio, da Zul filmes. Centeio foi produtor executivo de coproduções de ficção como Passagem da Noite, de Luís Filipe Rocha, e Padre e hijo, do russo Alexander Soukurov. Em 2022 distribuiu Vieirarpad, um dos documentários portugueses mais vistos do ano.