A Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo) pediu a abertura de um novo procedimento com vista à classificação do centro histórico de Cabeço de Vide, em Fronteira, após outro processo ter caducado, noticia a agência Lusa.
No passado mês de outubro, a Direção-Geral do Património Cultural fez saber que o procedimento de classificação do centro histórico de Cabeço de Vide tinha caducado, o que motivou contestação por parte da Câmara Municipal.
A comunicação da caducidade do processo foi efetuada a 25 de outubro, através de um anúncio publicado em Diário da República.
No seguimento dessa decisão, a direção regional salienta, num comunicado que fez chegar à Lusa, que a Câmara Municipal de Fronteira também se associa à tomada de posição agora anunciada, que se traduz na abertura de um novo procedimento para a classificação do centro histórico de Cabeço de Vide.
Citada pela Lusa, a DRCAlentejo refere que, no seu entender, o valor patrimonial do conjunto proposto “justifica essa reabertura”, devido à “genuinidade do seu património vernáculo, notável valor histórico, harmonia, equilíbrio e beleza do conjunto urbano”, sendo a sua conservação importante para o estudo dos materiais e das técnicas de construção da arquitetura tradicional.
De acordo com este organismo regional, está em causa um saber-fazer que o tempo e a “globalização vertiginosa têm destruído, comprometendo a transmissão deste legado” às próximas gerações.
“O património monumental do centro histórico de Cabeço de Vide é, assim, também demonstrativo da sua importância regional, especialmente a partir do século XIV, com uma evolução urbana evidente e bem marcada na paisagem que exprime continuidade de ocupação humana com poucas interferências contemporâneas”, pode ler-se no documento.
Em outubro, a Lusa contactou o presidente da Câmara Municipal de Fronteira, Rogério Silva, que contestou o anúncio feito na altura, lembrando que aquela área se encontrou em vias de classificação “durante 10 anos, basicamente”, tendo tido sempre restrições relativamente à reabilitação de imóveis e às outras intervenções de natureza urbanística.
Contactado recentemente, de novo pela Lusa, Rogério Silva lamentou novamente a caducidade, ao fim de dez anos, do processo, defendendo que a classificação do centro histórico deve agora prosseguir e com uma maior rapidez.
“Nós estamos cá, queremos garantir a preservação do nosso património, sem prejuízo também de permitir que haja ali a reabilitação necessária de edificado relacionado com habitações, é fundamental. É no meio-termo, entre o equilíbrio das soluções de reabilitação do património e reabilitação daquilo que de facto carece de reabilitação [habitações], que temos de encontrar uma solução”, salientou.
A DRCAlentejo refere que o conjunto urbano do centro histórico de Cabeço de Vide teve uma implantação inicial no cimo de uma colina da vila, “possivelmente sobre um castro pré ou proto-histórico”, com um pequeno reduto muralhado medieval (castelo) e ainda, na periferia, diversos monumentos com importância ao nível do contexto social, político e religioso desta povoação.
O conjunto urbano acaba na parte baixa da vila, zona onde se encontram um cruzeiro, uma igreja, um solar, uma antiga fábrica de moagem e eletricidade e imóveis "histórica e artisticamente" importantes.
Fotografia de psd.pt