De repente, esta manhã, no meio de pensamentos vagos, repete-se, na minha cabeça, uma canção que ouço já desde a infância. Fogem-me os pensamentos para o Alentejo, outra vez, e para os tempos em que em cada vale havia uma fonte que guardava as águas vindas das nascentes dos montes. Em que o correr contínuo da água, vinda dos confins da terra, se juntava à restante, cristalina, que já lá estava a repousar. Ao lado, um cocharro feito à medida dos que por lá passavam e saciavam a sede. Faz-me lembrar uma canção, dessas que se ouvem nas tascas, cantadas a despique. Faz-me lembrar o tempo em que, na parte mais fresca do monte, escondidas dos 40 e tal graus do Alentejo no verão, havia uma fonte que me chamava. E foram esses pensamentos e essas imagens que agregaram a canção, em todos os seus versos, uma história que se pode contar.