1 Novembro 2021      11:06

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Mais de 11 mil pessoas tentam parar encerramento do Parque da Galé

Mais de 11 mil pessoas assinaram uma petição pela continuidade do Parque de Campismo da Galé, no concelho de Grândola, um número suficiente para que o documento seja discutido pelo plenário da Assembleia da República, uma das entidades à qual o apelo é dirigido, adianta o Diário de Notícias.

No texto, os signatários pedem que “não seja atribuída à nova gerência uma licença que não seja para manter, preservar e dar continuidade ao bom funcionamento e serviço que este parque tem dado ao povo português”.

A petição continua: “para muitos é considerado o melhor parque de campismo em Portugal, e é alarmante que esteja neste momento nas mãos de um consórcio americano com um projeto que irá descaracterizar tudo o que conhecemos e amamos neste parque”. Além disso, o documento sublinha que “muitas famílias fazem deste parque o seu lar durante o período de férias”. “Pedimos de forma humilde que não deixem que o parque seja desmaterializado e que mantenham o seu funcionamento nesta área protegida”, apela o documento.

Além disso, há ainda uma segunda petição, com o mesmo objetivo, que recolheu até agora cerca de 1900 assinaturas. As duas iniciativas surgiram depois de o Jornal de Negócios ter avançado, no início de outubro, que o parque de campismo de 32 hectares foi comprado pela Discovery Land Company, empresa norte-americana especializada em resorts de luxo que é proprietária do projeto Costa Terra, contíguo ao parque. De acordo com a mesma fonte, os planos da empresa passam pelo desmantelamento do parque de campismo e pela construção de 292 residências (com um preço mínimo por lote de 3,4 milhões de euros), estando igualmente prevista a construção de um campo de golfe.

Note-se que, na última quarta-feira, o presidente da Câmara Municipal de Grândola, António Figueira Mendes, revelou que reuniu a 13 de outubro com responsáveis da empresa norte-americana, um encontro no qual a Discovery Land Company comunicou que “qualquer eventual alteração no modelo de funcionamento” do parque ou nas respetivas instalações “será atempadamente comunicada aos utentes e coordenada com a estratégia turística da Câmara de Grândola”.

Na nota publicada no site da autarquia, é referido que foi transmitido aos utentes “com contratos ativos que está a ser feito um diagnóstico rigoroso da atual situação do parque. Até à conclusão dessa análise, nenhuma alteração ocorrerá no modelo de funcionamento”.

“Após a conclusão dessa análise, todos os 38 postos de trabalho permanentes serão mantidos, todas as relações com fornecedores serão integral e escrupulosamente honradas e todos os contratos válidos e em vigor serão integral e escrupulosamente honrados”, terá garantido a empresa ao autarca de Grândola. Contudo, nada é dito quanto ao destino futuro daquele espaço.

Em declarações ao Diário de Notícias, José Paulo Martins, da associação ambientalista Zero, diz que a área em que está inserido o Parque de Campismo da Galé, na freguesia de Melides, não é reserva natural (que acaba logo a norte da lagoa de Santo André), mas pertence à Rede Natura 2000, que visa conservar os habitats naturais.

“Para nós não se compreende [a urbanização destes terrenos]. São projetos enormes, que avançam pelo interesse económico, por decisão política e por não haver uma sociedade civil que tenha força para contrariar isto”, refere o responsável, avançando que a Zero tem recebido perguntas e queixas sobre o possível desmantelamento do parque. José Paulo Martins sublinha ainda que não é possível fazer nada quanto à compra dos terrenos, um negócio entre duas entidades privadas, mas o mesmo não se aplica à futura urbanização: “podem comprar, não podem é fazer o que quiserem ali”.

“Vamos acompanhar o que se vai fazer”, refere o responsável, lembrando que os planos aprovados para aquele local nem sequer são recentes.

 

Fotografia de tripadvisor.pt