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literatura

De que Teresa estamos a falar?

(Espelho) - Olá, faz tempo que não te vejo.

(Giuseppe) - Tenho estado ocupado com o casamento da Teresa em Fribourg.

(Espelho) - Uh, Teresa. Belo nome para uma filha. Como te ocorreu tal coisa?

(Giuseppe) - Em 1995, quando ela nasceu, gostei do nome porque o associei ao personagem de um livro e de uma cantora que me encantou. A mãe dela também gostou. Não teve qualquer inspiração religiosa.

A caravela portuguesa

São dois dias na vida de uma alforreca. São dois dias na vida de um ser do mar que viaja ao sabor das águas. Porém, esta não era como as outras. Era diferente, tinha personalidade e, diga-se de passagem, que personalidade. Uns dias, a nossa alforreca, cuja sua graça era Medusa, estava bem e eufórica, outros dias estava em baixo e absolutamente furiosa. Só conseguia pensar numa coisa e isso não era nada de bom.

Medusa, poderei arriscar, sofria de alguma forma congénita de bipolaridade. Não haveria outra forma de pôr as coisas na frente do senhor leitor.

Salvaterra de Magos aposta em música, exposições, arte e lançamento de livros

A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos está a organizar, para os dias 11, 12 e 13 de setembro, a 7.ª edição das Jornadas de Cultura, pretendendo "dar a conhecer a história e a identidade do concelho através da dinamização de um vasto conjunto de atividades de índole cultural".

Chão frio

Chão frio. Cabeça pesada. Alma cheia.

Mãos dormentes. Olhos tristes. Alma depressiva.

Espelho sujo. Canção aborrecida. Alma aflita.

Tempo zangado. Madrugadas infinitas. Alma doente.

Ainda bem que chegaste. Ansiava a tua visita. Deixa-me aclarar-te a mente: o fumo é verdadeiro. Nada dura para sempre. Vamos fugir. Correr até nos cansarmos. Dançarmos até morrermos. Chorar até doer.

Loiro (O papagaio vaidoso)

Num tempo não muito distante, vivia numa cidade perto do céu um papagaio loiro de bico doirado. Naquele lugar, tão estranho na forma, as casas eram feitas de árvores e todos os animais viviam nelas. Uns, debaixo das raízes em covas profundas... aqueles de classes mais baixas. Outros vivendo em tocas nos troncos das árvores e a grande maioria nos ramos, nas folhas, nas flores... era uma cidade de habitat sustentável.

Reencontro

Conhecer lugares

conquistar o mundo

ser dono de tudo

descansar deitado

para sempre

— ser nada.

 

quando te olhei

estavas sentado — esperando —

e nesse gerúndio,

do teu lugar que é meu,

apenas me resta a chaminé

que perfumou para sempre

as ruas da minha infância.

 

Nada pode tirar

o que a vida deu.

Pode-se ser feliz

onde nunca se foi.

 

Conhecer lugares, conhecer lugares e mais lugares!

A filosofia de um adulto tem como base a ganância;

Saliva (O bicho da seda)

Saliva nasceu na boca do rio. Perto das mais férteis planícies da China, Saliva aproveitava os dias da sua idade adulta trabalhando como tantos outros da sua espécie.

Aprovados Centro Interpretativo José Luís Peixoto e rota literária de Galveias

A candidatura para a criação do Centro Interpretativo José Luís Peixoto recebeu parecer elegível por parte do Turismo de Portugal. A candidatura foi apresentada pelo município de Ponte de Sor, através da Junta de Freguesia de Galveias, em Portalegre, que pretende ali criar uma Rota Literária de cariz interativo.

Comprei lá uma panela de barro, que ainda uso.

(Eu) Olá, como estás hoje?

(Espelho) Bem, percebes que é a primeira vez que me perguntas?

(Eu) E tens razão. Reconhece que costumas-me dizer coisas irritantes ou desagradáveis.

(Espelho) Refletir sobre o que nos irrita nos outros pode ajudar-nos a entender melhor a nós mesmos.

(Eu) Eu já ouvi essa frase.

(Espelho) Sim, nos livros que estás a ler, mas que não compreendeste.

Isaías, um furão da vida

Quem era Isaías? Que força da natureza era esta que impressionava todo e qualquer um que no seu caminho alguma vez se tenha cruzado. Isaías nasceu numa ilha do Atlântico. Os seus pais, furões selvagens, nunca tinham tido outra vida a não ser comer bagas, outros alimentos, excrementar e procriar. Entre os muitos frutos da sua procriação nasceria Isaías. Não sei porque lhe deram esse nome, mas quanto a mim, parece-me apropriado.

Isaías, como tantas personagens antes dele nestas nossas histórias, não se satisfazia com o papel que, aos nossos olhos humanos, lhe atribuira a natureza.

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