O alentejano Francisco Caeiro e Ângelo Rodrigues lançam, no próximo dia 9 de maio, na Fnac do Chiado, pelas 16 horas, o livro “Nós”. Na apresentação, poemas do livro serão declamados pelo ator Vítor de Sousa.
O “Nós” nasce da simbiose perfeita entre os poemas de Francisco Caeiro e as fotografias de Ângelo Rodrigues: “à mesa dos cafés de Lisboa ou algures nos passeios à beira Tejo, as nossas conversas de amigos foram sendo ilustradas pela poesia das palavras e das imagens; pedaços de nós das nossas histórias. Um dia achamos que seria bom podermos ter mais amigos nestas conversas e surgiu este livro. Por isso “Nós”; porque somos muitos, e todos em redor da poesia.”
Francisco Caeiro, natural de Vila Viçosa, licenciou-se em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Lisboa.
Escreve diariamente no seu blogue Pomar das Laranjeiras, que em 2012 esteve na origem da publicação de um livro de crónicas com o mesmo nome, a sua primeira obra. Em 2014, “Estas palavras nascidas dos dias” ou uma história composta por tantas pequenas e simples histórias nasceu também do seu blogue e ainda em 2014, lançou o livro infantil “As bolachas mágicas da Avó Inácia”.
Sendo um contador de histórias, transpõe para a escrita, a ligação à terra natal e ao Alentejo, bem como transforma as suas memórias e os seus intervenientes em histórias e poemas.
Ângelo Rodrigues, natural de Viseu, é licenciado em Controlo Financeiro pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa. Cumulativamente com a profissão de Auditor Financeiro, desenvolveu projectos ligados ao ensino e mantem ligações a Instituições Particulares de Solidariedade Social nas áreas da educação e apoio social a idosos.
Com alma de Beirão e também ele rendido à luz e ao brilho de Lisboa, tem uma paixão imensa pelo seu país e quer com os lápis, quer com a câmara fotográfica vai colhendo e compilando também um pouco de poesia gráfica.
Ambos os artistas partilham a paixão por Lisboa, cuja beleza os conquistou aos dois e os acabou por juntar neste livro.
O Tribuna Alentejo esteve à conversa com eles:
TA - Sendo as Ciências a vossa área de formação, como e quando descobriram esta veia literária / artística?
FC - Cresci entre as palavras escritas na Livraria Escolar que existia à época em Vila Viçosa na Rua Florbela Espanca, e desde muito cedo fui tomando dos mestres o gosto por captar por palavras toda a poesia que a vida encerra em si mesma.
Primeiro fi-lo de uma forma tímida, depois fui revelando a escrita a um grupo restrito de amigos, mais tarde surgiu o blogue com crónicas diárias e mais tarde surgiu a poesia.
O Ângelo Rodrigues, meu especial amigo e fotógrafo de excepção com uma sensibilidade extraordinária foi uma das pessoas que mais me incentivou a trilhar os caminhos da poesia; daí que este livro a dois surja de uma forma natural.
Algumas vezes eu escrevi sobre as fotos do Ângelo e outras, ele buscou imagens para ilustrarem as minhas palavras.
ÂR - A conduzir pelas ruas de Lisboa ou por alguma estrada do nosso país, muitas vezes senti o apelo de parar e registar momentos, detalhes de luz, gente, flores…das imagens que contam histórias que fui guardando e partilhando
A fotografia é um dos lados lúdicos da minha vida, que me satisfaz e por vez até me preenche,
As conversas com o Francisco levaram-me muitas vezes a revisitar estas imagens e fomos os dois criando o “NÓS” quase sem que nos dessemos conta de tal.
TA - Que influência tem o Alentejo e Vila Viçosa na vossa arte?
FC - O Alentejo oferece os horizontes perfeitos às almas dos poetas. Sonhamos grande como a terra que nos faz perder o olhar.
E Vila Viçosa é a pátria das minhas quatro estações com todos os sentidos devidamente convocados.
ÂR - Também para mim o Alentejo é bonito quatro vezes por ano! Na primavera, pelos tons de verde matizados por flores, nas planícies de ouro que o verão carrega, no calor das cores do outono e no bucólico do um inverno que nos faz sentir o descanso, é assim o Alentejo! cor, alma e vida!
TA - Francisco, o que lhe dás mais prazer: a escrita em livro ou as publicações mais regulares no seu blogue?
FC - O blogue é um “vício” diário muito saudável que me põe a comunicar com muitos amigos, sendo simultaneamente um bom laboratório para ensaiar ideias e prosas.
A poesia partilho-a também diariamente na minha página do Facebook “Francisco Caeiro”.
Tenho um romance completo que um destes dias publicarei.
TA - “O Pomar das Laranjeiras” é um nome pouco provável para um blogue. A que se deve?
FC - Vila Viçosa é terra de muitas laranjeiras e é quase sempre à sua sombra que os amigos se reúnem para conversar.
Pensando nisso peguei no título de uma das minhas canções favoritas dos Madredeus no álbum Existir e surgiu o “Pomar das Laranjeiras”.
TA - Obrigado pela simpatia e disponibilidade, felicidades.