24 Fevereiro 2024      10:26

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Évora expõe imagens de Alfredo Cunha com "olhar de quem era criança no 25 de Abril"

Alfredo Cunha, fotojornalista
Alfredo Cunha, fotojornalista

Um total de 36 fotografias do fotojornalista Alfredo Cunha que mostram “o olhar de quem era criança no 25 de Abril” de 1974 vai estar exposto em Évora, a partir de 16 de março.

A mostra, intitulada “O Tempo de Todas as Perguntas”, com inauguração marcada para o dia 16 de março, poderá ser visitada até outubro, no Centro de Arte e Cultura (CAC) da Fundação Eugénio de Almeida (FEA).

Em comunicado, a FEA explicou que a iniciativa tem curadoria de Patrícia Reis e “conta uma história da década de 1970, através de 36 fotografias, todas elas com um traço comum: o olhar de quem era criança no 25 de Abril”.

O conjunto de fotografias, que resgata imagens do arquivo pessoal da década de 1970 do fotojornalista, algumas delas inéditas, oferece “um verdadeiro retrato social do país à época” e pretende levar o público a questionar-se acerca do “caminho percorrido nas últimas cinco décadas”.

“São imagens que fazem refletir sobre as condições em que vivíamos, como nos expressávamos, o que vestíamos – no fundo, quem éramos nós, portugueses, então”, realçou a fundação.

De acordo com a entidade promotora, “além da simples afirmação de factos, os instantes eternizados por Alfredo Cunha proporcionam uma introspeção coletiva, permitindo explorar uma ampla gama de questões e reforçando a necessidade de reconhecimento e expressão” da identidade cultural nacional.

Para Alfredo Cunha, cujo trabalho já foi “premiado por diversas vezes” no país e no estrangeiro, a sua curiosidade foi sempre “saber a história das pessoas, nunca se tratou apenas de fotografia”.

“As histórias das pessoas são o mais importante. As pessoas são o mais importante. Tal como nesta exposição, que tem uma perspetiva infantil, mas profundamente humanista”, afirmou o fotógrafo em entrevista à curadora Patrícia Reis, para o catálogo da mostra.

No que respeita às crianças fotografadas, Alfredo Cunha frisou que foi “mais do que só o fotógrafo”.

“Era amigo deles e, mais tarde, o fotógrafo que se interessava pelo modo como viviam, como já trabalhavam”, assinalou.

Segundo Patrícia Reis, igualmente citada no comunicado da FEA, a exposição “O Tempo de Todas as Perguntas” quer mostrar a “sensibilidade especial” deste fotojornalista que, “como poucos, fotografa a portugalidade com o princípio ético de não a mascarar”.

“As fotografias de Alfredo Cunha têm o poder maravilhoso de me incomodar, de me fazer pensar, de criar perguntas para as quais não sei se tenho – ou se será possível encontrar – uma resposta. O seu trabalho desafia-me sempre. O seu olhar sobre a infância é genuíno, tradutor de uma verdade não expressa, mas latente, sensorial”, argumentou a curadora.

Esta iniciativa constitui “um dos pontos altos” da programação para este ano do Centro de Arte e Cultura da FEA, que é marcada pelo duplo signo da liberdade e da esperança.

Natural de Celorico da Beira (Guarda), onde nasceu em 1953, Alfredo Cunha iniciou, em 1970, a carreira profissional em fotografia publicitária e comercial, estreando-se, no ano seguinte, como fotojornalista no jornal Notícias da Amadora.

Colaborou com os jornais O Século e O Século Ilustrado, a revista Vida Mundial, a Agência Noticiosa Portuguesa – ANOP e as agências Notícias de Portugal e Lusa. Foi também editor fotográfico do jornal Público e fotógrafo e editor do Jornal de Notícias, entre outros jornais e revistas, e, atualmente, é ‘freelancer’ e desenvolve vários projetos editoriais.

Foi fotógrafo oficial dos presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares e recebeu a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

 

Fonte: Lusa

Imagem de Mário Santos | CM Maia