12 Março 2022      12:04

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O poeta que só conseguia escrever em prosa

Américo Vespucci teve sempre talento natural para a escrita. Com apenas um ano de idade já rascunhava pequenas letrinhas em pergaminhos e papel artesanal da altura. Quando crescesse, tornar-se-ia poeta, entre outras coisas. Bem, as outras coisas serão aquelas pelas quais ficou mais conhecido, mas essas, para o nosso assunto imediato, desta crónica, neste final de semana, não tem intervenção direta e, consequentemente, não a referiremos.

Américo amava a poesia. Fazia rimas perfeitas desde pequenino. Ele conhecia os autores todos, sabia os grandes de cor. Dante, Petrarca, Homero e tantos outros. Américo era italiano e por isso escrevia na sua língua, com alguns tons de latim. A poesia que imaginava escrever, na sua cabeça, era linda e perfeita. Para ele, tudo era grandioso, tal como a sua paixão pelas viagens. Américo viajaria muito pelo mundo, principalmente pelo Ocidente, deixaria a sua marca em muitos dos lugares por onde passou, conheceria muitas pessoas… trabalharia em sítios diferentes, incluindo Portugal e Espanha.

Américo vivia a poesia como

Quem o conheceu, talvez nunca tenha percebido a sua enorme capacidade de escrita. Como já vos disse, sabia de cor todos os poetas, conhecia as rimas todas mas… e porque há sempre um mas, não sabia escrever em verso.

Apesar de todos os esforços, a sua poesia só podia ser descrita como prosa poética. Por muito que se esforçasse, não conseguia ir além das palavras num texto belo, mas em

Prosa. Américo, durante a adolescência, acreditava que o seu futuro seria poeta e teria o seu nome amplamente divulgado pelo mundo, associado à sua maravilhosa literatura.

Quando se apercebeu que afinal nunca conseguiria ser um poeta conhecido em todo o mundo da altura, dedicou-se a outras coisas.

Curiosamente, como tantos de nós, os sonhos de grandiosidade poética acabaram por se esvair e tornaram-se residuais. Américo decidiu viajar. Ficaria conhecido por isso. Talvez se tenha perdido um grande poeta, talvez se tenha ganhado um nome. Talvez esta biografia seja ficção. Talvez sim, talvez não.