14 Abril 2024      12:07

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50 anos do 25 de Abril a pensar no futuro

Este ano comemoramos os 50 anos do 25 de Abril de 1974. Esta é uma data marcante na nossa história.  Os 50 anos do 25 de abril, para além de ser um ano de festa e de evocação, deve ser um momento de aprendizagem e de reflexão. Mas deve-nos preparar para agir. Para agir numa perspetiva de futuro, de longo prazo, garantindo e fortalecendo os valores de Abril.

Este ano em concreto deve ser um momento de transição. Uma espécie de passagem de testemunho, daqueles que lutaram contra o antigo regime e criaram o sistema democrático aos que nasceram e viveram em plena liberdade.

Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Esta revolução não só libertou Portugal de décadas de regime ditatorial, como também simbolizou a ascensão da democracia e dos valores de liberdade e igualdade. Virou Portugal para o futuro, para a modernidade. E é aí que nos devemos situar.

Nesta data histórica, é importante refletir não apenas sobre as conquistas alcançadas, mas também sobre os desafios que ainda persistem. A desigualdade de acesso à educação, os problemas relacionados com a habitação (sobretudo para os mais jovens), os problemas no SNS (Serviço Nacional de Saúde), os problemas relacionados com a justiça, a falta de recursos e desigualdades entre territórios e regiões (sobretudo do interior), as questões relacionadas com o declínio demográfico e a debandada dos nossos jovens mais qualificados para fora do país, as desigualdades sociais e a pobreza persistente, são alguns desses problemas que têm que ser resolvidos. São problemas emergentes, que necessitam de respostas urgentes!

Para responder a Abril é fundamental responder aos problemas concretos das pessoas. De outra forma, não só recuamos no nosso desenvolvimento, como incentivamos o crescimento dos populismos e dos radicalismos. É decisivo estar alerta para os riscos do autoritarismo crescente e este poder vir contaminar a democracia. Basta olhar para o Mundo para perceber os riscos com que nos debatemos.

Não há democracias garantidas, estão sempre sob ameaça. Também não há democracias perfeitas, mas é fundamental insistir no seu aperfeiçoamento. Acreditar na democracia (acreditar nos valores de Abril) é lutar pela erradicação do ódio, da discriminação, do racismo, da violência, da falta de respeito pelos direitos humanos.

A democracia constrói-se todos os dias. Constrói-se através da resolução dos problemas do presente. Constrói-se na criação de espectativas verdadeiras e esperanças de um futuro melhor.

Abril tem que ser renovado. Renovado para mais 50 anos de desenvolvimento, de criação de uma sociedade mais justa, mais equitativa e mais inclusiva.

Tal como afirmou Natália Correia, foi “a impaciência que nos libertou”. É essa impaciência que nos deve continuar a libertar.