22 Novembro 2021      18:16

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O futuro da tecnologia háptica: do metaverso ao poker online

Foi uma das maiores notícias do ano: em 2021, o Facebook surpreendeu meio mundo quando anunciou que se passaria a chamar Meta. O nome é uma referência ao metaverso e está mais alinhado com os novos objetivos da empresa. Segundo Mark Zuckerberg, o Facebook planeia expandir as suas plataformas a curto e médio prazo e trabalhar na criação de um novo modelo de interação digital. A ideia do metaverso não é nova e não foi criada pelo Facebook. É um conceito que começou por surgir na ficção científica e foi desde então aplicado à realidade da Internet. Em suma, o metaverso refere-se a um potencial universo alternativo em 3D em que todos os utilizadores têm a possibilidade de interagir uns com os outros através de avatares e outros médiuns tecnológicos. Outrora visto como uma fantasia, o metaverso é uma possibilidade cada vez mais real, principalmente devido à evolução da realidade virtual e da tecnologia háptica.

 

A nova "galinha dos ovos de ouro" do Facebook

Ainda que continue a ser a rede social mais utilizada em todo o mundo, o Facebook perdeu bastante popularidade ao longo da última década e está longe dos seus melhores dias. Com a criação do metaverso, Mark Zuckerberg pretende explorar um novo mercado e requalificar o valor comercial do Facebook, agora conhecido como Meta. O CEO norte-americano já concretizou várias medidas concretas que se alinham com os objetivos da Meta. Em 2014, adquiriu a empresa de óculos de realidade virtual Oculus por cerca de dois biliões de dólares. Em 2021, apresentou um protótipo funcional de luvas hápticas—uma tecnologia com inúmeras aplicações que pode mudar para sempre o espaço digital.

 

O que é tecnologia háptica?

Na imagem, um jovem testa um protótipo de Realidade Virtual com óculos e luvas hápticas.

 

A palavra 'háptica' vem do termo grego 'haptesthai,' que pode ser traduzido como "tocar." As luvas hápticas apresentadas pela Meta tratam-se de um equipamento tecnológico de vanguarda que permite que os seus utilizadores interajam em tempo real com um ambiente virtual em 3D. O mais impressionante é que as luvas estão desenhadas para simular a sensação de toque. Em teoria, a combinação de óculos de realidade virtual com luvas hápticas deve ser capaz e criar uma experiência imersiva altamente realista. A tecnologia ainda está a dar os seus primeiros passos (pelo menos que ao acesso público diz respeito), mas já existem vários empresários interessados no seu potencial. Alguns especialistas acreditam mesmo que as luvas hápticas podem ter um impacto tão grande como o smartphone, que passou de ser uma nova tecnologia para se tornar num produto altamente democratizado em tempo recorde.

 

As aplicações da tecnologia háptica

As luvas hápticas são um dos primeiros passos concretos dados rumo à criação de um "verdadeiro" metaverso. No entanto, as potenciais aplicações da tecnologia háptica não se ficam por aqui. As indústrias dos videojogos e do entretenimento para adultos são apenas dois dos mercados que acompanham com bastante interesse os desenvolvimentos da tecnologia háptica. Mas também existem aplicações mais sérias em vista.

Alguns especialistas acreditam que a democratização de tecnologia háptica pode revolucionar a maneira como os profissionais de vários setores são treinados. Basta pensar, por exemplo, no campo da medicina: em teoria, um par de luvas hápticas 100% funcionais permitiria que cirurgiões efetuassem operações à distância através de emuladores físicos. No mesmo sentido, trabalhar a partir de casa passaria a ser possível em praticamente todo o género de profissões.

 

O poker online como porta de entrada?

Sobretudo manual, o poker online é extremamente conveniente para a integração de tecnologia háptica.

 

Ainda que seja um setor de nicho, o poker online pode mesmo liderar a expansão de tecnologia háptica no espaço online. As principais empresas de poker online procuram criar ambientes realistas e imersivos para os seus jogadores e, em teoria, um par de luvas hápticas seria suficiente para que qualquer utilizador se sentisse como se estivesse a jogar poker num casino a sério. Por ser um jogo sobretudo manual, o poker online é visto como uma potencial porta de entrada para a tecnologia háptica. É uma solução que pode ser do agrado de muitos portugueses: afinal, a expansão de sites de poker online licenciados em Portugal atraiu a atenção de cerca de 150 mil novos jogadores em 2021.

 

Uma aposta cega no futuro?

Naturalmente, nem todos acreditam no valor e potencial da tecnologia háptica. A ideia do metaverso é ainda mais disputada, sendo que muitos céticos defendem que o Facebook (ou Meta) está apenas a apostar no futuro de forma cega e a tentar agradar aos seus acionistas. Mark Zuckerberg passou ao lado do fenómeno dos smartphones e a Meta continua a ser a única empresa tecnológica de topo de mercado que não disponibiliza nenhum produto físico aos seus clientes. Através da integração de óculos de realidade virtual e luvas hápticas no modelo de negócios da sua empresa, Zuckerberg pretende que a Meta possa liderar a grande revolução tecnológica do futuro. Para já, o destino da tecnologia háptica continua a ser incerto, mas não existem dúvidas que o seu potencial é praticamente infinito.