... e a própria luz da Lua se recusou a iluminar as pessoas que buscavam a luz da meia-noite.
Faltavam poucos minutos para a meia-noite, para as zero horas do dia seguinte. Esse era o momento em que as coisas deviam continuar como sempre estavam… as luzes criadas pelo homem continuam a iluminar o nosso mundo. Durante o dia, a luz do Sol deixa ser a única a terra, e assim o faz.
À noite, a natureza e o equilíbrio deram-nos a Lua para nos mostrar que os dias são diferentes da noite, mas que essa Lua nos dá a segurança de vermos algo mais do que a escuridão. Se tudo fosse completamente escuro, a terra adormeceria num profundo silêncio. E o silêncio para o crescimento de tudo. Sem a ténue luz da lua, as plantas não continuavam a crescer. O reflexo do sol, através desse astro satélite, não se sentiria nos olhos das aves, dos animais que, na noite, vivem e sobrevivem.
Um minuto depois do tempo em que se iniciou esta nossa história, de repente, sem uma explosão cinematográfica, sem um drama exacerbado, sem nada… todas as luzes do mundo pararam de existir. Em nenhuma rua, em nenhuma cidade, em nenhuma casa, alguma luz artificial criada pelo petróleo, pelo carvão, pela eletricidade ou poder solar existia. Ninguém sabia o que estava a acontecer. Ligavam geradores, tentavam baterias e petromaxes e nada. Nem a pequena vela se acendia. A noite escura era a noite escura. Nessa noite, todos os fósforos ficaram apagados. A pólvora já não disparava e nada conseguia criar o fogo.
Os homens e as mulheres da terra, em pânico, e como se cegos se tivessem tornado todos, não sabiam o que fazer. Não seria a cegueira de Saramago, esta teria apenas a duração da noite. Quando o Sol nascesse, provavelmente tudo voltaria a funcionar. Quando a luz voltasse, talvez os homens pudessem encontrar uma solução.
Nessa noite, pouco antes do meio, começaram a acreditar que daí a pouco a Lua lhes daria a luz que desaparecera. Porém, nessa noite, a Lua adormeceu junto com o sol e não refletiu o seu melhor lado. A Terra ficou escura e em
Silêncio! Era um aviso a todos os homens. Era uma premonição. Até ao fogo, assim ficavam os montes, os vales, os mares e os céus… só as estrelas e a Lua serviam de guia.
Agora, de nada serviam e a sua ira, talvez, nessa noite, surgira. Pode não ter sido… mas a partir desse momento, os homens e as mulheres, os animais do ar, da terra e do mar, aprenderam a descansar e esperar que o Sol lhes tocasse as faces e lhes lembrasse que tinham descansado e que o novo dia chegara, cumprindo um ciclo. O Sol e a Lua, cada um na sua função, passaram a relembrar que os ciclos da vida são o dia e a noite, o nascer e o morrer, o cansar e o descansar e, quem o contrarie, perderá a luz do dia, quando a noite cair sem a luz criada artificialmente.
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