29 Julho 2018      12:22

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Documentários: o TOP 50

A propósito do achado que foi a divulgação, em forma de lista: TOP-50, pela revista Sight&Sound, dos melhores documentários de todos os tempos (assim mesmo), sinto-me finalmente livre para o meu voto-lista (sobra-me um TOP-10, que por acaso são mais do que 10, após tentativa e resgate):

1) Shoah; …

2) Um dos irmãos Maysles, talvez o Gimme Shelter, talvez o Grey Gardens, mas de preferência o Gimme Shelter;

3) Chronique d'un Été, da dupla Rouch & Morin;

4) Koyaanisqatsi, partindo do princípio que o é;

5) Obra completa (ou qualquer um) de Adam Curtis (mas se de um e só um se tratasse, podia ser o It Felt Like a Kiss, compulsão sublime sobre a presença e a relação como o meio em 58 minutos);

6) Hearts of Darkness: A Filmmaker's Apocalypse, reminiscência sobre a produção de Apocalypse Now;

7) When We Were Kings, Ali vs. Foreman, Rumble in the Jungle, Ali Ruled!;

8) Life in a Day - Guilty Pleasure;

 9) Man From Aran, Flaherty;

10) À Procura de Ricardo III, de Al Pacino.

Vi, tenho-os, gosto, usufruo, registo sobre, declaro princípios por conveniência, mas não creio poder amar o documentário primordial, por isso apenas escolhi um, como prazer não isento de culpa… Não sei até que ponto é defeito. E quanto a esse subgénero, podia ter sido o À Propos de Nice, do Jean Vigo. Se calhar não só podia como devia. Tarde demais!

Dadas as repercussões, saudáveis (e sobretudo escritas), sobre formas e conteúdos de listas, sobre géneros e inclusões nas mesmas, ainda o seguinte: Um Top-10 sem o Sans Soleil, de Chris Marker, e sem um (neste caso valeriam dois) Agnés Varda é unicamente uma liberdade travestida de inconveniência.

Presumir um melhor ou conjunto de melhores é menos um exercício de rigor cultural do que um acto de afirmação. É ritual! Quando componho listas sinto-me pleno de invocação: monstros, deuses, sonhos, perturbações. É também contrição. É também um processo dialéctico. O mais rentável e equitativo dos modos de ligação entre seres, um breve retorno à troca directa.

Por tudo o anterior, o que não se coloca numa lista é tão importante como o que lá está. Como alguém disse, e é crível que possa ter sido eu: ‘uma lista não deve ser estúpida, mas que nunca corra o risco de ser óbvia’. Dito isto, o Shoah não se discute, tudo o resto sim!

Quanto ao género e às circunstâncias associadas ao género (o que é um documentário?): escuso-me, concordando com quase todas as discordâncias e dúvidas que por aí tenho lido.

 

Imagem de askmen.com

 

 

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