Esta semana uma reportagem da TVI denuncia a gestão feita pelos representantes da Associação Raríssimas, mostrando exemplos de desvio de fundos para benefício pessoal da sua Presidente.
Confrontada com estas acusações, veio a associação recusar as mesmas, justificando os elevados custos com roupas de marca e veículos automóveis, com a necessidade da boa apresentação da sua representante.
Ora, tendo em conta o objecto social da instituição em causa, o normal seria que todos os fundos fossem colocados à disposição dos seus representados e não dos seus representantes.
A imagem é sem dúvida importante, mas torná-la uma prioridade em detrimento daqueles que a associação deverá proteger mais não é que um claro abuso de poder.
Infelizmente, esta não é um caso único em instituições de solidariedade social em Portugal.
Nos anos em que fui dirigente associativa, tive oportunidade de trabalhar de parte com algumas instituições e observar que de facto existem instituições que se preocupam e em que os seus representantes colocam tudo de si e outras em que a situação é bem diferente.
Situações houve em que determinada instituição pediu preferência por roupa de marca, por ser essa que os meninos mais usam e gostam, quase dando a entender que outro tipo de roupa não seria utilizado não obstante as boas condições da mesma.
É certo que muitas instituições se preocupam verdadeiramente e que fazem um trabalho digno e exemplar, no entanto, todos estes maus exemplos acabam por prejudicar as primeiras.
É por isso que muitas pessoas deixam de prestar apoio a instituições. Dada esta desconfiança causada por este tipo de atitudes, aqueles que verdadeiramente se preocupam e vivem quase em exclusivo do apoio e trabalho dos seus voluntários, bem como todos os seus beneficiários.
É necessária uma maior fiscalização mas, acima de tudo, a tomada de medidas concretas que punem aqueles que usam e abusam das necessidades daqueles que deveriam proteger.
Este tipo de denúncias é um passo, mas o caminho não pode ficar por aqui.
Imagem de capa de Jorge Paula