A ceifeira canta com sua branca tez,
alegre, no primeiro dia de labor;
canta mágoas fingidas sobre o tempo
só o futuro lhe concederá louvor.
O dia alto e o trigo iluminado
ecoam calor pelos campos fora;
pobre ceifeira que na ceifa cantando
lembra o amanhã, batalhas de outrora.
Vestes de cores floridas,
ar fresco, paisagem serena;
pobre ceifeira que na ceifa cantando
deu-lhe o sol, ficou morena.
Hoje, são as máquinas
que ceifam a seara herdada:
desta evolução que nos faz ser mais
e ter a ceifeira para sempre recordada.
Podemos afirmar com grande à-vontade:
— Foi o cantar da ceifeira a razão
em haver tão próspera actualidade.
Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático.Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta.
Fotografia de Artur Pastor - "Ceifeira" (the Reaper) 1944-46 em br.pinterest.com