24 Agosto 2023      10:22

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Agricultores de Portalegre compram alimento a preços “proibitivos”

Os agricultores do distrito de Portalegre estão a recorrer à compra de alimentos para os animais em Espanha e França a preços considerados “proibitivos” para o setor, devido à seca.

Em declarações à agência Lusa, Fermelinda Carvalho, presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), afirmou que “a ausência de comida seria até normal em agosto, mas o problema é que também já não tivemos para trás. O ano passado já foi mau de colheitas e as reservas já não existiam”.

Contudo, a seca está também a afetar outros países, como França e Espanha, fazendo com que os preços dos alimentos para os animais disparassem para valores muito elevados, além de haver menos disponibilidade.

“Era muito habitual [fazer-se com estes países] as trocas comerciais de feno e de palha. Como também produziram menos, é difícil neste momento comprar. Está a preços proibitivos, mas tem de se comprar. O problema é que não há quase disponibilidade nenhuma, é difícil”, lamentou a responsável.

A representante disse ainda ter conhecimento de casos em que os agricultores pagaram à cabeça e que não lhes foi entregue o produto.

Além disso, Fermelinda Carvalho relembrou que, apesar de as barragens e as charcas nas explorações agrícolas terem enchido há vários meses, os furos nem tanto, situação que está a preocupar o setor.

“A água que choveu foi muito de repente e não se infiltrou suavemente. E alguns furos também já estão sem água”, alertou.

Face à falta de alimentos, há agricultores a “abater um grande número de animais” e os leilões de gado também têm estado cheios nos últimos tempos.

“Há aqui um aproveitamento também – como há sempre nestas coisas – em termos do preço da carne, que está muito baixo”, acrescentou.

A maior participação em leilões tem sido uma das medidas dos agricultores do Alentejo, tal como o recurso aos matadouros, para se desfazer dos animais, sobretudo o gado bovino, de forma a fazer face à atual situação no setor, com falta de pastagem e preços elevados de palha e rações.

 

Fotografia de cpt.com.br