22 Junho 2020      12:57

Está aqui

Outra vez, esquerda revolucionária?

O movimento anti-racista internacional teve em Portugal a sua expressão na passada semana, e tomou forma em manifestações espalhadas por várias cidades. Rui Rio encostou-a à esquerda dizendo que não se devia fazer das manifestações um nicho de esquerda. Deveria ter noção que há muito boa gente de direita anti-racista. No dia seguinte, foi a vez da Juventude Comunista Portuguesa, sem qualquer arrepio em relação às medidas de distanciamento, reunir-se num comício. A questão fica, a direita continua conservadora, é hiper respeitosa pelas medidas da DGS ou não terá critério nem organização para sair à rua?

No pós manifestação e tal como tem vindo a acontecer noutros países, o ataque, não a instituições bancárias, mas a estátuas, ocorreu. Padre António Vieira foi o alvo.

Após a queda do regime de Sadam, no Iraque, ou do Soviético, muitas foram as estátuas derrubadas como forma de protesto por uma autoridade que o povo não se revia. Porque não pode, hoje, um habitante de Bristol (Inglaterra) livrar-se do espírito de um comerciante que enriqueceu com o comércio de escravos, ou porque não pode um Belga, que não se reveja nas atrocidades de Leopoldo na antiga colónia Belga, em Africa, libertar-se da sua estátua em Bruxelas? Não é derrubando estátuas que se muda a história, mas não é promovermos  histórias sanguinárias que ensinamos gerações futuras.

Reflexões sociais são necessárias, quantos titulares de altos cargos, quer seja na banca, na comunicação social, ou mesmo em empresas (sem ser os acionistas maioritários) conhecemos não brancos? Até mesmo em profissões de rua, polícias, bombeiros, professores... Se o elevador social está neste momento estagnado para a maioria da população, reflitamos como está nas últimas décadas para a população negra ou cigana marginalizada nas periferias das grandes cidades.

Mário Centeno, o atual funcionário do Banco de Portugal

Mário Centeno é mesmo, funcionário do Banco de Portugal. Até houve uma reconciliação entre Mário Centeno, António Costa e Marcelo aquando da quezília sobre os dividendos ao Novo Banco, mas não durou muito, o ministro das finanças abandonou o barco quando entramos numa das maiores crises humanitárias e económicas.

Há duas questões envoltas sobre a ida de Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de Portugal, a competência ou não para o cargo, e a ética entre saltar do ministério das finanças para um regulador.

Sobre competência, Mário Centeno chegou pela primeira vez em democracia ao Superavit nas contas, mas à custa de serviços públicos depauperados, de sobrecargas para os funcionários públicos e sem investimentos na saúde ou educação pública. Por outro lado, é cada vez mais notório que em Portugal para o exercício de altos cargos públicos ter sido titular de um cargo político é o melhor dos currículos.

O atual governador, Carlos Costa, não derivou de cargos políticos, mas da Banca. Termos um governador, que certamente frequentará os mesmos espaços que seus antigos colegas de profissão, a regular Bancos, será mais promíscuo que um atual ministro das finanças. O Banco de Portugal deveria regular operações financeiras, no entanto tivemos o escândalo Isabel dos Santos, onde este se limitou a acenar para os milhões vindos do erário público Angolano. Certamente que Mário Centeno, cumprindo sim, “um período de nojo” terá outro trato sobre certos temas.

Estamos portanto, perante um ataque pessoal, pois uma lei que poderia ter sido elaborada e revista com tempo está a ser legislada ao pé cochinho apenas para evitar que Mário Centeno seja no imediato governador do Banco de Portugal. O estigma causado e o nome manchado pelo exercício de algos cargos públicos começa a repudiar quem de valor interessaria ter nestes altos cargos públicos.

 

------------------------------------

Alexandre Carvalho tem 24 anos e é natural do Porto. Licenciado em Comunicação Empresarial pelo ISCAP, ligado ao ramo do design de interiores e da vertente digital. Interessado pelo panorama da política nacional conta vir viver para o Alentejo, porque se enamorou por uma alentejana

alexandremiguel.c95@outlook.com