A Anunciação (c. de 1434) do pintor Álvaro Pires de Évora, um dos primeiros pintores portugueses a quem se pode atribuir uma obra, do século XV, está para leilão na Sotheby's em Nova Iorque, hoje às 23h00, por um valor que, se estima, será arrematado entre os 124 e os 205 mil euros. A obra é tão rara que o Museu de Arte Antiga já pediu à Direcção-Geral do Património que o compre. Mas Pedro Dias, professor catedrático de História de Arte da Universidade de Coimbra, aposentado, e comissário, em 1994, da única grande exposição em Portugal dedicada àquele pintor, disse ao DN que tudo o que for além dos 50 mil euros "é um exagero".
De Álvaro Pires de Évora que trocou o Alentejo pela Toscana e nunca mais voltou, só se conhecem 30 pinturas e apenas uma está na posse o estado português, por sinal no acervo do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, comprado em 2001, por 320 mil euros e com apoio da Finagra de José Roquette e da Fundação BCP. Falamos de "A Virgem com o Menino entre S. Bartolomeu e Santo Antão".
Segundo José Alberto Seabra Carvalho, conservador de pintura e diretor-adjunto do Museu Nacional de Arte Antiga, em declarações ao Público “O nosso museu não tem nenhum Álvaro Pires, o que significa que não tem nada de pintura portuguesa anterior a Nuno Gonçalves [autor dos célebres Painéis de São Vicente, c. 1470]. E isto quer dizer que há uma parte da história da arte portuguesa que nós não podemos contar, sendo que contar essa história é a nossa principal obrigação.”
Este painel pertenceu à colecção do chanceler Konrad Adenauer, um dos homens-fortes da Alemanha do pós-Guerra, e vai a leilão no mesmo dia em que estarão para venda obras de Lucas Cranach, o Velho, Ticiano, Frans Hals, Bartolomeo Manfredi, Velázquez ou Canaletto.
Na capa detalhe de A Anunciação (c. de 1434), de Álvaro Pires de Évora DR