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NÃO! NÃO, NÃO E NÃO!

As noites seguem-se embebidas no mesmo movimento solitário que é ser-se humano: paredes de cal branca, uma casa simultaneamente gaiola que nos limita e nos acomoda, uma cabeça saturada das palavras ditas e reditas na futilidade dos dias, uma boca que aprecia o silêncio que é o sufoco de ter uma cabeça saturada das palavras saturadas dos dias saturados. Do outro lado da cama há quem durma e quem questione o silêncio no seu silêncio e a distância entre os silêncios trocados é mais curta que a distância de uma linguagem repetida e banal.

OS PORMENORES DAS CASAS QUE CONSTRUÍMOS

Sei pouco desta realidade como dela me contam. Sei pouco da loucura que é sentir-se demasiado e dizer demasiado pouco por isso quando me perguntam o que é o amor nunca respondo concretamente. – Parece tão simples quando pensamos abstratamente no conceito do amor mas de alguma forma as palavras parecem nunca estar ao nível de uma descrição digna.

CARTA ABERTA A UMA AMIGA (OU O MUNDO DEPOIS DE TI)

Acreditas que ainda hoje tenho saudades tuas? Todos os dias morro um pouco mais de saudades tuas; mas olha eles dizem que tu, onde estás, me vais acompanhando. Eles garantem-me que me vais acompanhando como se eu não fosse a pessoa céptica que sou e eu deixo-me acreditar porque dói menos. Dói menos se acreditar que andas algures a fazer as tuas traquinices e a derrubar as jarras bonitas de alguém. Hoje gostava que ainda derrubasses as nossas jarras bonitas.

A ILUSÃO DO DIREITO À EDUCAÇÃO

Que fazemos nós, humanos emaranhados na sua própria humanidade ou na falta dela, aqui neste globo do qual pouco compreendemos e o qual descuramos como se nós mesmos dele não dependêssemos irremediavelmente? Que soberania, inteligência soberba detemos para que dividi-lo, dividirmo-nos, nomear-nos, doar rótulos e adjectivos contraproducentes, na sua maioria, seja legítimo e absolutamente verdadeiro? – Qual de nós, ser superior, digníssima criatura consegue realmente fincar o pé no chão e não duvidar da sua verdade (ainda que não o exponha)?

CARNAVALIZAÇÃO, FUTEBOLIZAÇÃO, DEGRADAÇÃO

Tenho a certeza que já todos ouvimos aquela expressão que diz que “Natal é quando um homem quiser” e que nós mesmos, nalgum ponto da nossa vida, também já a proferimos. Esta expressão não tem, à partida, qualquer tipo de problema a não ser que muito raramente se torna em atitude. – Isto, digo com um pico de tristeza e uma pontinha nem tão inocente de sarcasmo, não acontece no entanto com o Carnaval.

DEPOIS DA SERTRALINA

A verdade, caro leitor, é que nós não estamos prontos para este mundo. A verdade é que nos vamos preparando enquanto o mundo muda e nos muda e por vezes, a maior parte das vezes, nos deixa a tontas com questões para as quais o mundo não nos deixa ter tempo. Geralmente descobrimos tarde demais que essas mesmas questões não são mais que retóricas, toda a configuração de um beco sem saída em que ficamos horas, dias ou até anos analisando as fissuras nas paredes e medindo a capacidade das nossas pernas para subir o muro.

O GANGUE DO ARGANEL (OU O FLAGELO DO PRECONCEITO)

Admiro aquele género de pessoas que consegue compreender que uma ofensa só é ofensa quando os próprios permitem que o seja. Admiro, sinceramente, as pessoas que vão vivendo a vida com uma atitude relaxada e segura relativamente não aos bens que detêm, mas principalmente á personalidade que vão compondo e ajustando por si e para si, sem necessitar daquele circo social já tão habitual que passa por, numa atitude tanto de desespero quanto de comodismo, inflacionar a opinião dos outros acerca de si para de seguida a adoptar enquanto definição do self.

O FEMINISMO NÃO É PARA PRINCESAS

Desde pequena que o fascínio pelos filmes da Disney foi grande mas, devo confessar, como se não me bastasse já ser a “esquisita” do grupo de amigas da escola primária, eu era também a “esquisita” que gostava das guerreiras da Disney contrariamente às princesas.

SOLIDARIEDADE SELECTIVA E OUTRAS HIPOCRISIAS

Devo confessar que nunca fui uma pessoa de cerimónias de bem parecer e á medida que o tempo passa essa minha característica vai-se intensificando, desconfio. O que para uns possa parecer rude da minha parte para mim parece-me apenas honestidade e um quanto de escassez de paciência de que, não se engane, todos sofremos mas poucos admitem. Se durante todo o ano já sofro dessa síndrome quando chegam o Natal e a Passagem do ano essa síndrome aumenta de forma a tornar-se insuportável para uma convivência se não harmoniosa, pelo menos calma entre mim e os restantes seres humanos.

ANIMAIS VERSUS BESTAS

Arriscando-me hoje, e mais uma vez, a ser vexada e vaiada sem fundamento lógico ou argumento comprovativo venho falar-lhe daquele tema actual que muitos mistificam de lobby, extremismo ou hierarquização errónea de importância social (faltando-lhes os dados que o comprovam como sendo mais que frustração humana): os direitos dos animais e como estes são desrespeitados na prática violenta que é a tourada.

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