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QUANTAS VEZES?

Existe, na nossa sociedade atual, um vício admirável pela forma como nos abstemos de o reconhecer enquanto vício. É incrível, se assim o conseguirmos conceber, a forma como acabamos por nos limitar a nós mesmos e aos outros que nos rodeiam e ainda sentir felicidade por isso. Falo hoje de rótulos, caro leitor, e da forma vergonhosa como eles ainda se entranham nos nossos sistemas e na nossa vida e, ainda mais incrível, da forma ignorante como nós os assumimos e os queremos forçar.

GONÇALO CARTER QUEM?

Foi esta a minha primeira reacção. Se não sabe do que falo, mas aposto que sabe caro leitor, vou-lhe explicar já de seguida. Esta semana gerou-se uma polémica com um jovem de 19 anos que publicou um vídeo a bater e pendurar o seu cachorro da janela de um prédio em troca de “likes” na sua página do Facebook. Claro que a situação disseminou-se com tamanha velocidade sendo que a cada 10 publicações, 9 eram deste vídeo. A notícia chegou até aos telejornais, às associações animais como por exemplo a Animal e até às autoridades competentes com uma nota de óbvio desagrado e choque.

A MINHA MÃE

A minha mãe ensinou-me muitas coisas – grande parte delas ainda nem as consegui compreender bem. Sei que um dia o vou fazer e lembrar-me que foi a minha mãe que me as ensinou. – É assim que as mães funcionam e é por isso que são mães. Trazem no regaço as soluções para problemas que ainda nem sequer enfrentámos e, sem nos apercebermos, deixam-nos gestos a lembrar-nos que não existe prazo de validade para a sabedoria que as mães nos deixam.

O GRANDE IRMÃO

Vivemos uma era deveras caricata. Digo caricata porque me falta adjectivo mais adequado se é que existe algum adjectivo que consiga expressar a contrariedade excessiva da era que vivemos.

O MUNDO PEDE-NOS CALMA

Faz uns tempos lembro-me de ter lido uma lenda dos Cherokee chamada “O conto dos dois lobos”. Não há dia em que eu não descubra lendas dentro do mesmo género e confesso ser uma fã das histórias dos nativo-americanos. A mestria com que nos arrebatam é proporcional á simplicidade das palavras utilizadas para nos dizer algo geralmente bastante profundo. Aquele género de profundo para que nós, pessoas do mundo novo (novo, não melhor), deixámos de ter tempo.- Eu faço questão de fazer esse tempo.

ONDE FALHÁMOS COM OS NOSSOS JOVENS?

Aquando jovem, na condição legal de jovem, quero dizer, arrisquei muito pouco e dividi-me entre o que o mundo esperava ver de mim e o que eu esperava de mim consoante o que o mundo esperava. – Pode dizer, a culpa é minha por assumir essa imagem que em muito pouco me serviu completamente. Pode dizer: que pena, tivesses arriscado. Mas o que nunca ninguém nos conta verdadeiramente, sem quaisquer entraves ou expectativas, é que um dia a nossa juventude vai passar e essa preocupação será apenas um remoer lento de todas as coisas que deixámos de poder fazer.

CADA MACACO NO SEU GALHO

Se algo me preocupa e entristece no país em que vivo são, sem dúvida, os contornos pelos quais a educação se pauta. Não só não formamos seres pensantes independentes como, agora, parece-nos aceitável (ou ainda mais) retirar-lhes a independência relativamente á sua religião e á escolha da mesma.

ANTES DE TUDO: SOU PELA VIDA

Na parafernália de todos os dias vejo-me obrigada a ter que compreender a nossa imersão na letargia mental que professamos sem delongas ou demoras. Vejo-me obrigada a compreender que essas delongas e essas demoras não têm lugar no século XXI em que se quer a vida pronta e a prontidão de viver. – Existem dias em que a prontidão se esvanece dos membros cansados dos robôs amestrados que nos fazemos por força e imposição.

QUEM NÓS SOMOS (UMA NOTA DESPUDORADA DE VERDADE)

Existem pessoas que nunca se questionam acerca de sentidos e direções. Andam como que na certeza de que os seus pés, metaforicamente falando, funcionam em piloto automático. Andam como que na certeza de que existirá sempre um lugar onde os seus pés poderão descansar e mesmo que esse lugar não seja, numa primeira instância, o seu favorito acabarão por ser habituar.

POLÉMICAS DE GALINHEIRO

Ainda hoje me consigo lembrar da minha primeira experiência com galinhas e galinheiros. Devia ter uns dez anos - a minha memória, carcomida pelas traças de uma preocupação e ansiedade mundanas, já não é a mesma - e uma adoração pelos animais maior que a que exibo hoje. Mas eu não estava preparada para aquilo, para aquele encontro repentino com a desordem e a histeria.

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