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Televisão a cores

Eram mais de 12 os irmãos que habitavam naquela casa. Todos filhos do mesmo pai e da mesma mãe, tinham intervalos de idades muito semelhantes entre si. As diferenças eram de um ano cada, mais coisa, menos coisa. O mais velho tinha já ido à tropa e trabalhava agora nas minas, junto com o pai e com um dos outros irmãos que não tinha idade ainda para ir à tropa mas tinha já bom corpo para trabalhar.

O peixe da ribeira

Qual é a diferença que existe entre nós? Como podemos marcar a diferença entre o que é igual? Qual a possibilidade de algo absolutamente idêntico ser diferente? Serão os pequenos pormenores da similitude a acentuar a grandeza da pequena diferença?

A água não passa duas vezes pelo mesmo

lugar. Estou certo que já ouviram antes esta ideia. É possível que discordemos pois com os aquários e aquelas inovações que criam fontes e riachos fictícios, as realidades e as verdades absolutas neste âmbito tendem a adaptar-se.

Monte das Almas

Sentava-se solitário no poial caiado de branco. Detentor de uma pele enrugada, queimada e rasgada pelo Sol intenso dos dias de verão, a sua única companhia era um cão rafeiro, que se sentava na pequena sombra que o homem lhe proporcionava.

Vestido de negro, com uma camisa tão queimada do Sol e do tempo como a sua pele, via-se nele o peso de uma vida e de muitos anos. O seu olhar perdia-se no horizonte, na imensidão dos montes e dos vales em frente ao Monte das Almas. Neste tempo de verão, tudo o que se avistava era um misto de verde seco com castanho e amarelo torrado.

A lenda dos quatro olhos II

Depois dos latidos dos cães, três, a festa começou. O moço e a moça tinham ido os dois à festa, como sempre tinham ido desde que se conheciam por gente. Deviam ter agora os seus catorze anos. Eram da mesma idade. Aliás, tinham nascido os dois no mesmo dia e à mesma hora. Coincidência ou não, o destino marcava os dois de uma forma nunca igual. Ele nasceu no cerro, do lado da umbria e ela nasceu do outro lado, o da soalheira. Ela tinha nome de flor e ele de flor tinha.

Já se tinham visto tantas vezes na festa, sentados na igreja, um na coluna da esquerda, o outro no lado direito.

A lenda dos quatro olhos

Era um dia de festa, mais propriamente da Festa da Santa Suzana, que se celebrava todos os anos naquele dia. E nessa mesma data vinham os filhos da terra que tinham ido para todas as partes do país, uns para mais longe, outros para mais perto, mas todos conheciam e reconheciam o caminho para a festa da Santa que nos últimos séculos ali tinha estado a ser respeitada por todos e a ser homenageada através de uma missa e do encontro de vizinhos e primos, e tios, irmãos e pais que por demasiado tempo não se viam. Alguns, só nesse mesmo dia se encontravam, dadas as circunstâncias.

A chuva em dias de junho

Ontem choveu, não tanto quanto desejavam todos aqueles que da chuva se escondem, mas que a anseiam e a desejam.

Neste regresso ao Alentejo dos filhos que voltam temporariamente e que transportam consigo a alma do seu lugar de nascimento, a paz vem consigo, a necessidade de reencontro com as raízes, com os pequenos momentos, com o processo de andamento da vida e com a história dos que estão e daqueles que estiveram e deixaram o seu testemunho.

Regresso ao Alentejo

Hoje, a família ausente, regressou a casa. Longos anos se passaram desde que duas pessoas saíram daquele monte. Quando o deixaram, viviam nele mais do que uma família. Esta, a mais nova, formara-se de uma moça que morava no monte a seguir, cujos olhos se cruzaram com o moço que vivia no preciso monte de que falamos.

Nesta casa, há muitos anos, vivia o moço e muitos irmãos, com os pais e ao lado, muitos primos. A moça vivia no cerro a seguir, com muitos irmãos, muitos primos e os pais.

O Dia de Portugal, o dia de Camões e dia das Comunidades Portuguesas

Comemora-se hoje, dia 10 de junho, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Combinamos todos no mesmo dia. Honramos o nosso país através do assinalar do nosso dia nacional. Mais do que um dia de cerimónias e circunstância, este é um dia que representa o orgulho de um povo, um dia que nos une. O dia de Portugal ultrapassa as fronteiras territoriais, virtuais e sentimentais. Este é o nosso dia, como o dia 4 de julho é o dia dos Estados Unidos, o dia 14 de julho é o dia de França. Há algo especial que nos une a todos neste sentimento de pertença patriota.

O potencial assassino do fato azul escuro

Esta é uma história fatídica, quase verídica e intensamente polémica, apesar de curta. Tudo aconteceu num dia muito quente de verão; em que o próprio suor se confundia com a fadiga. Sendo a história fatídica, verídica e polémica como é, as coisas acontecem rápido e de forma eficaz. Claro que, com todo o calor, o crime não compensa.

Numa avenida ampla daquela cidade que todos sabemos o nome por ecoar no nosso ouvido todos os dias, as casas estavam esburacadas das balas certeiras que tinham modelado o betão e afugentado todos os seres vivos que por lá andavam.

O poder de decisão

Estavam sentados numa mesa redonda, olhando-se todos de forma circular e abrangente. O olhar de cada um conseguia alcançar todos os que ali se sentavam. Eram treze, sentados à mesma mesa de decisão. Dali saíam razões e decisões que implicavam e se refletiam diretamente na vida de pessoas comuns, como eu e como o leitor.

O poder de decisão tem essa mesma vertente de poder transformar vidas, de agir sobre o recipiente da decisão e de o poder fazer crescer ou decrescer na sua relação. Porém, o poder de decisão afeta também aquele que toma essas mesmas decisões.

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