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A idade

Hoje, escrevo sobre qualquer idade, a minha

Idade, a vossa idade, a idade do país, a idade da desigualdade…

 

Falo de um país imaginário… que tenho a certeza não existe nem na América, nem em Portugal….

Nesse país, numa das minhas visitas, num encontro inesperado encontrei um cidadão que me colocou várias perguntas e me apresentou argumentos válidos. Passo a citar:

 

Outono

Os dias começam a ficar mais pequenos. Notava-se quando as horas já não tinham tanto sol. A cada dia que passava depois do pico do verão, as noites ficavam mais longas. Era o ciclo natural do ano e das estações desse mesmo ano.

Começavam, também, a cair as primeiras chuvas. Ainda tímidas, anunciavam tempos mais frios e uma mudança no ecossistema e naquilo que existia. Era o outono a chegar, notava-se em variados aspetos da vida diária. Os casacos e as roupas mais quentes denunciavam que se acabaram os bronzes da praia, os calções e as camisas de manga curta.

O saber milenar do silêncio

Há coisas que não se esquecem. Há coisas que se ouvem e não se esquecem, muito menos se querem ouvir. Quem nunca ouviu a célebre frase… mais valia estares calado. Pois é, nesses momentos mais vale manter essa regra sagrada do silêncio.

Quanto não vale ficar calado antes de abrir a boca e dizer uma frase de que nos possamos arrepender no futuro? Ou no momento presente? Há muitas e não as enunciarei aqui. Indo ao encontro do título, muitas opções poderíamos seguir para continuar este texto… seja pela idade ou pelo conteúdo. Um milénio é muito tempo, e o saber é intemporal.

Pirâmides do Egipto e outras coisas triangulares

Há muitos, muitos anos atrás, numa terra tão distante chamada Egito, ou Egipto, como se escrevia antigamente, havia construções de uma dimensão espetacular que ainda hoje se podem ver.

A terra era tão distante porque não havia transportes como há hoje e, assim sendo, não era possível chegar lá tão facilmente. Hoje, as pessoas vão de propósito para ver essas pirâmides e tirar fotografias.

Cantigas de fiar

Fiado só amanhã! Lia-se em quase todas as tabernas do Alentejo. Era um dizer corrente. A imagem desse azulejo leva-nos a tempos antigos, ao tempo das tascas. Ainda existem algumas hoje em dia mas são poucas as que vão sobrevivendo ao passar dos tempos.

Quem não se recorda dos bancos de madeira e das mesas pequeninas, sempre ocupadas pelas mesmas caras familiares.

Falar várias línguas

Imaginemos uma pessoa que só fala português ou outra língua, europeia ou não, e não teve nunca a oportunidade de aprender ou dominar outro idioma. Imaginemos uma pessoa que pensa e se expressa num só idioma.

Imaginemos, por outro lado, um cenário em que há várias paredes, umas constituídas por paredes contínuas, sem nada mais além de tijolos e cimento ou betão. Outras, construídas com portas ainda fechadas, mas que podem ser abertas, e pequenas janelas que deixam ver o prado e a cidade além dela.

Prazo de validade

O único empregado da loja chegava uns minutos antes da hora de abertura que era às 8:30 da manhã. Dia após dia cumpria o ritual de levantar a grade enferrujada do portão de entrada, limpava o resto de beatas que se acumularam durante a noite, tirava o letreiro com as promoções do dia e abria a porta para os clientes virem explorar a loja e consumirem os produtos que lá se vendiam.

Km 135 - Sentido Norte / Sul

A vida de muitos de nós passa por diferentes lugares, distâncias que se encurtam e outras que se alargam. Saber contar essas distâncias é um privilégio que muitos de nós gostaríamos de ter. Demonstra por um lado, atenção aos pormenores e ao que implica saber ir do ponto A até ao ponto B. Por outro lado, demonstra que na nossa vida importa percorrer esses caminhos e aproveitar o percurso. Há quem visione a vida como uma autoestrada que tem portagens no início, muitas a meio e todas elas no final. As portagens são uma metáfora do preço que temos de pagar para atravessar esse caminho.

O centro

Quem vivia marginalizado naquela terra imaginária nunca tinha ido ao centro. Quem vivia nas pontas do lugar do mundo onde reinava a fome, nunca tinha ambicionado conhecer o centro. Talvez por não conhecer nem o centro nem os que lá viviam. Essa realidade era absolutamente irrelevante para as periferias.

Lisboa talvez seja hoje e amanhã e depois, talvez tenha sido durante esta semana o centro deste mundo, da espiritualidade, da fé. Numa mensagem que se ecoa e tem ecoado nas últimas horas, a inclusão, todos, todos, todos.

Calor em gelo

Era a vendedora ambulante mais procurada em toda a cidade. Movimentava-se nas ruas com o seu carrinho de três rodas. Acompanhada sempre pelo leal companheiro que era o seu rafeiro, passava os dias a trabalhar para ganhar alguns tostões.

A vendedora mais famosa e apreciada tinha um posto diferente em casa esquina da cidade. Não ficava no mesmo sítio durante dois dias seguidos. Em cada dia da semana, sem excepção, estava no sítio do costume, desse dia.

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