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O Golfinho Galifão

Era uma vez um golfinho nascido na Foz do Sado. Era uma figura meio raquítica quando nasceu. Terá perto de 20 e poucos anos nos dias que correm. Entre o tempo que nasceu e agora que já é um jovem adulto, Galifão, viu a sua vida ser passada entre Tróia e Setúbal, fazendo o que os golfinhos fazem, seja o que é que os golfinhos fazem na adolescência. Vocês sabem o que um golfinho faz na península de Setúbal?

O achigã

O achigã nunca nadava de noite, só de manhã. O achigã quando se vestia, sempre fazia pandan. Nos dias que estava doente, chorava pela mamã, nos dias que estava de boa saúde ou feliz, comprava um talismã.

Era um peixe diferente, um ser social que conhecia muita gente. Na barragem onde vivia, não lhe importava o frio ou quente. Era um achigã paciente que esperava só comer uma refeição decente.

A preguiça

Era um domingo de manhã. E toda a gente sabe que ao domingo de manhã eu gosto de dormir. Eu dormi imenso. Eu durmo sempre imenso. Creio que dormir é das melhores coisas que podemos fazer. Ao dormir estamos no braços de Morfeu e, nesse lugar, nada nos pode acontecer.

Era domingo de manhã e não me apetecia levantar. Queria ficar na cama o dia todo. Tenho a certeza que não me vão deixar ficar na cama. Chegará um telefonema de alguém chato, chegará um bater na porta de alguém a vender alguma coisa.

Os corvos

Profusamente conhecidos na sua área profissional e de ação, os Corvos eram um marco na sua época. Não eram dançarinos nem senhores de guerra. Eram simplesmente um grupo de rapaziada gótica que adorava passear e passar o tempo a discutir coisas profundíssimas da filosofia internacional e nacional. Os Corvos viviam em cima das árvores e eram aves que se vestiam sempre de preto. A sua adolescência fora passada em conjunto, a partilhar coisas que poucos tinham sequer pensado ou refletido.

Alfaiate

Anselmo era alfaiate. Tinha essa profissão há muitos anos. Quase tantos quantos tinha. Habituado a ser profissional, fazia do tecido existente um modelo novo. Eram peças de roupa novas e modernas que saiam do seu ateliê.

Neste mundo de Anselmo, o tecido era sempre de boa qualidade. Não tinha uma oficina fixa. Andava quase como que um alfaiate ambulante, ao domicílio. Era lá, nas casas, que fazia os modelos fantásticos.

Uma família de papagaios

Era uma larga família de papagaios, uma família tão comum como qualquer outra família, só que esta era de papagaios. Eram o papagaio, a papagaia e os papagaios pequeninos que somavam na totalidade, dez. Era uma família numerosa de 10 pessoas.

As formas de sonho do Maleão

Maleão era um nobre distinto que viveu há mais de duzentos anos. Numa terra quente e húmida, que mais tarde, muito perto dos nossos anos, se viria a reconhecer como tropical, nasceu num berço aristocrático e recusaria, na idade adulta, a ser tratado por menos nível do que a sua raiz nobre merecia.

Hipótese

Era uma vez uma hipopótamo. Grande. Enorme. Uma hipopótamo que não sofria de hipotermia porque vivia em África, isto é, numa parte quente. Hipopótamo era filho de pai chamado Hipo e mãe chamada Potema.

Nunca soube muito bem porque lhe tinham chamado aquele nome mas isso não lhe fazia diferença. A vida em África era calma, tirando aqueles momentos em que vinham homens brancos e traziam umas coisas que atiravam outras e isso era muito mau, porque dizimaram toda a família de Hipopótamo.

As pequenas coisas na vida de uma baleia

No meio do oceano, lá muito longe nas profundidades, vive uma baleia. Sóbria, inteligente, a baleia é um ser delicado que, como todas as outras baleias, depende do seu grupo para viver e sobreviver.

A baleia é um animal grande, de porte espadaúdo, mas tem sentimentos. Muitos sentimentos. Esta baleia era um ser fascinante, como fascinantes são as palavras, as ideias e aquelas imagens que criam na nossa cabeça.

Não sabemos muito sobre baleias. Sabemos que são seres mamíferos como nós.

Carta a uma girafa

Querida Girafa,

Ando há meses pensando em como te escrever estas palavras. Na minha ideia, é preciso coragem para, finalmente, te dirigir breves linhas que sei que talvez nem vás ler. Porém, é importante e obrigatório que as escreva.

Certamente sou alguém absolutamente desconhecido para ti. Nunca tive a coragem de te dirigir a palavras certas. E por isso me calo cada vez que passo por ti e cada vez que nos cruzamos. E por isso desvio o olhar. Há algo em ti que fez nascer algo em mim e me ajudou a ver a savana de outra forma. Bem, ajudou-me a abstrair do capim.

 

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