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Timor

LIFAU

Hoje é mais um dia no calendário do mundo e naquele das nossas vidas. Hoje é mais um dia em que o Sol nasce a oriente e ilumina a terra, transforma os campos escuros, as altas montanhas, que parecem tenebrosas, em subtis cores que deambulam o amarelo, o castanho e o verde, conforme o dia vai progredindo.

O MENINO E O CROCODILO

No momento em que, à meia-noite, do dia 20 de maio de 2002, o relógio dava doze badaladas, num campo estendido entre três lagoas, ouviam-se os festejos do nascimento. Nascia um novo dia e nascia um novo país. Nesse momento, Kofi Annan declarava a restauração da independência de Timor-Leste. A Oriente, as lágrimas daqueles que lutaram misturavam-se, nos rostos, com os sorrisos do nascimento e, todos, unidos em torno de um ideal, sorriam e choravam, olhando a bandeira que se elevava no ar.

Recordo-me, e gostaria de contar-vos, a propósito da restauração da independência, de uma breve história, com tonalidades de lenda, que me foi contada pela voz envelhecida e sábia de um lian nain. É a história de Timor-Leste e de um menino, nos seus sonhos de crocodilo, partindo em busca do disco dourado que existe no fim do mar. Encontraram-se, nas Celebes, por acaso. O menino descansava à beira de um rio que deslizava para o mar, enquanto observava as maravilhas que o seu olhar conseguia avistar. O menino pensava e sonhava, olhava o Sol que tinha acabado de nascer e pensava que aquele disco, aquele disco dourado era o seu sonho e que um dia iria alcançá-lo. Todos temos sonhos na nossa vida, pensava. Todos os temos e todos os devemos viver. Ambicionar chegar até eles e alcançá-los é um direito nosso e ninguém tem o direito de nos tirar esses sonhos, pensava o menino que, um dia, seria avô, na sua inocência de criança, guarda em si todos os sonhos do mundo como já dizia Pessoa.