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Rita Medinas

O meu Natal

O cheiro a rabanadas nada dentro do meu nariz suavemente. As músicas de Natal, entoam na minha mente, acalmando-me. Sou facilmente embrulhada no calor transmitido pela lareira. A manta amarela da minha avó, agarra-me fortemente, como se fosse ela a dar um abraço. As luzes da árvore brilham tão agressivamente que chegam a fazer reflexo nas minhas lentes dos óculos.

Lanço um suspiro.

É  Natal.

Não há nada mais Natal que isto.

Viver dói

Querida eu,

Chega de tremer. Faz o teu coração caminhar bem. Calmamente. Não estás numa corrida. Faz com que ele ande num jardim; num dia comum de primavera. O teu (meu) corpo não merece esta dança constante que o teu (meu) cérebro insiste em comandar.

Tenho um punho fechado e pesado permanentemente fixado ao longo do meu esófago.

Não, não tens.

A minha cabeça está a rodar.

É desta vez que vou.

Não aguento mais.

Chega.

Quero impor um fim a isto.

Aperto a mão. Com a força máxima que me é dada. Cravo as unhas.

Cidadania, como estás?

Olá cidadania, como estás?

Já há tanto tempo que não te vejo. Pensando bem, não sei se te cheguei a conhecer. Penso que te imaginei nos meus tempos de inocência, nos mesmos tempos em que cheguei a pensar mesmo que existia uma fada mágica que trocava o nosso dente de leite, por uma prenda.

Confundo-te imenso com a solidariedade e equidade. Uma das vossas parecenças é que não estão presentes; o vosso significado aparece, apenas, no dicionário para fazer inveja.

Ela, eu e como aprendemos a viver juntas

Olá, de novo.

Sinto que estou a falar para vocês, leitores meus amigos, há semanas e vocês apenas conhecem o meu nome, o meu curso e a cidade onde estudo.

Sou muito mais do que isso; tal como disse no texto anterior, consigo ajudar pessoas com recurso às minhas palavras. E vou começar por mim. Pelo meu lado mais preto e triste. Todos temos um lado assim, certo?

Vou começar por dizer que, tenho uma doença. O nome conhecido pelos médicos, é Esofagite.

A escrita que me descobre

Comecei a escrever em criança. Não sei quantos anos tinha. Se tivesse que dizer uma idade, apostava em sete anos. Era uma criança. Noutro século, quase. Não era a mesma pessoa, a única coisa que temos comum, neste momento, é esta incrível paixão pelas letras e a forma como se unem para criar uma melodia.

Lembro-me como se fosse ontem do quão adulta me sentia a escrever; recriava episódios dos meus desenhos animados favoritos e adicionava aquilo que eu queria que acontecesse, com novas personagens e intrigas.

O meu segredo

Foi um segredo por muito tempo. O meu melhor segredo. Fugiste da realidade e, por isso, escrevo-te agora, transformando os meus sentimentos em palavras.

Podia estar a escrever-te uma carta cheia de porquês. Podia estar a suplicar, a gritar em plenos pulmões, as respostas que tão exaustivamente procuro. Mas sinto-me consumida pelo cansaço. Penso que atingi o meu limite. Sinto-me um copo de vidro frágil a fazer uma trajetória lenta até ao chão.

Mudanças

O sonho tornou-se o pesadelo. Durante cinco dias, o meu coração implora por ar, chorando desamparadamente. É um ciclo. Um ciclo onde os meus olhos aprenderam a embaciar, as minhas mãos insistem em comandar uma orquestra irrequieta e, a minha face, é colorida pela cor mais triste que conheço. Todas as vezes em que pedia para o tempo passar mais devagar, que pedia à vida para não correr tão depressa, imploro agora, de joelhos, para que a semana passe rápido. Suplico para estar no meu lar. Onde o meu coração se sente quente. Para vocês que não me conhecem, eu apresento-me.

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