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Ricardo Jorge Claudino

Reguengos de Monsaraz

Reguengos de Monsaraz

 

 

Todos os noticiários do país ditam o teu nome.

Ainda o jornalista vai a meio da sílaba "guen"

e eu já estou arrepiado, de olhos esbugalhados,

seguindo a origem do som.

.

Aumento o volume da televisão,

O som do Calor

Por Ricardo Jorge Claudino

 

 

 

O SOM DO CALOR

Chega o verão
E logo se impõe à primavera;
Assim fosse eu
De firme decisão
Perante a sombra da quimera.

 

— O calor do Alentejo é diferente.
Não me espanta tal afirmação;
Ainda assim há gente que não entende
E que apoquentados vivem
Pela indubitável unicidade desta região.

 

Arado

Por Ricardo Jorge Claudino

 

ARADO

Arar, fertilidade mútua

De quem semeia

O que a terra dá

Genuína permuta.

 

Abençoado arado

Dentes enxadas

Rompendo veios

O lenço

O lenço preto na cabeça

não tem significado

apenas quer ser lembrado

com medo de quem se esqueça.

Ninguém merece perder;

merino negro, penumbra no cabelo.

Às pintas ou às cores é possível vê-lo

no labor do campo, ao amanhecer.

 

Sol abraça o lenço,

Aldeia

Vinte e cinco casas

três ruas

duas travessas

o largo da igreja

o sino que toca, de hora em hora,

descansa na madrugada silenciosa.

 

Há sons que caminham

pelas estradas não alcatroadas,

de terra batida, de calçada.

Ode ao Alentejo

Pela planície, pelas espigas, pelo céu que estende,

Pelos campos, pela luz, pelas casas de branca cal,

Pelo calor, pelos montes, pela sorte que depende,

Do barro que molda o pão, do cante patrimonial!

 

Pelas horas, pelo dia, pelos caminhos da história,

Pela monda, pelas ceifeiras, pelo sol que se levanta,

Pelos melros, pela perdiz, pelas asas da glória,

Quem eleva suas dores de orgulho se encanta!

 

— Ó paz; és silêncio na hora da calma,

És a voz altiva do chaparro cantante,

As Oliveiras Falam

As oliveiras falam através do tempo.

Não é por isso que as invejo;

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